Portugal continua a ser um dos países europeus com uma maior quota de eletricidade gerada a partir do vento, mas está a ficar para trás no ritmo de crescimento da sua capacidade eólica, e em 2022 ficou em 17º lugar ao nível da União Europeia (UE) em termos de instalação de nova capacidade, mostram dados publicados esta terça-feira pela Wind Europe, a associação europeia da indústria eólica.
O mais recente relatório da Wind Europe indica que Portugal instalou somente 28 megawatts (MW) de capacidade eólica em 2022, elevando para 5696 MW a potência eólica operacional no país, cuja energia pesou 26% na produção de eletricidade nacional no ano passado.
Portugal figura assim em 17º lugar na UE, numa lista onde os restantes 10 Estados-membros em situação pior não têm qualquer instalação feita no ano passado, segundo a Wind Europe.
O mercado líder em novas instalações em 2022 foi a Alemanha, com 2745 MW instalados, seguida da Suécia (2441 MW) e Finlândia (2430). Aqui ao lado, Espanha (onde o vento tem um peso de 25% na produção de eletricidade) teve 1659 MW de nova capacidade eólica instalada.
A Dinamarca teve em 2022 a mais elevada quota de eólicas na produção de eletricidade (55%), seguida da Irlanda (34%) e Alemanha e Portugal (26%).
No relatório da Wind Europe, Portugal também se destacou por apresentar, nas novas instalações, as turbinas menos potentes, com um valor médio unitário de 2,2 MW por aerogerador instalado. Na Alemanha, que liderou as instalações no ano passado, a potência média por turbina (em parques eólicos terrestres) foi de 4,4 MW.
De acordo com a associação eólica, Dinamarca, Espanha e Portugal têm os parques eólicos mais envelhecidos da Europa. Em Portugal a idade média dos parques eólicos é de 13,4 anos (o que significa que estão quase a meio da sua vida útil).
No nosso país tem havido alguns projetos de repotenciação de parques eólicos, substituindo aerogeradores antigos por novas máquinas, mais potentes.
Alguns dos investimentos em nova capacidade eólica em Portugal também estão a ser projetados em articulação com novas centrais solares, resultando em empreendimentos híbridos, que permitem otimizar o uso dos pontos de ligação à rede elétrica.
Um dos desafios para a expansão da capacidade eólica em Portugal, contudo, continua a ser o licenciamento ambiental. Ainda no final do ano passado a EDP Renováveis viu um projeto seu para um novo parque eólico em Vieira do Minho ser “chumbado” por ameaçar o lobo ibérico.
Portugal tem perspetivas de forte crescimento nas eólicas no mar, com a instalação de 10 gigawatts (GW), quase o dobro dos 5,7 GW atualmente em operação no país (na sua vasta maioria em terra). Contudo, trata-se de projetos que poderão só ficar operacionais em torno do ano 2030.