Economia

Administração da Transtejo avança com demissão após relatório do Tribunal de Contas

Administração da Transtejo avança com demissão após relatório do Tribunal de Contas

Em causa está um relatório do Tribunal de Contas sobre a compra de nove navios, no qual acusa a empresa de "faltar à verdade" e de práticas ilegais e irracionais. O Ministério do Ambiente já aceitou o pedido e promete anunciar “em breve” a nova administração.

O conselho de administração da Transtejo/Soflusa, que assegura ligações fluviais no rio Tejo, pediu esta quinta-feira a exoneração, após um relatório do Tribunal de Contas (TdC) que acusa a empresa de "faltar à verdade" e de práticas ilegais e irracionais. Um pedido que, entretanto, o Ministério do Ambiente já aceitou.

Em causa está a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros (ME), num contrato adicional a um outro contrato já fiscalizado previamente pelo TdC para a aquisição, por 52,4 ME, de dez (um deles já com bateria, para testes) novos navios com propulsão elétrica a baterias, para assegurar o serviço público de transporte de passageiros entre as duas margens do Tejo.

"A Transtejo comprou um navio completo e nove navios incompletos, sem poderem funcionar, porque não estavam dotados de baterias necessárias para o efeito. O mesmo seria, com as devidas adaptações, comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais, reservando-se para um procedimento posterior a sua aquisição", considerou o TdC.

Segundo o Tribunal, "o comportamento da Transtejo, com a prática de um conjunto sucessivo de decisões que são não apenas economicamente irracionais, mas também ilegais, algumas com um elevado grau de gravidade, atinge o interesse financeiro do Estado e tem um elevado impacto social".

"O procedimento foi bem feito e promoveu o interesse público", respondeu hoje a presidente do conselho de administração, Marina Ferreira, em declarações aos jornalistas no Terminal Fluvial do Cais do Sodré, em Lisboa.

Para a gestora, as considerações do Tribunal de Contas são "ofensivas e ultrajantes".

Pedido aceite

O Ministério do Ambiente e Ação Climática informa, em comunicado enviado às redações, que “foi aceite” o pedido de demissão da administração da Transtejo/Soflusa", prometendo “em breve” anunciar a nova administração

“O Ministro do Ambiente e da Ação Climática constituiu uma equipa dedicada a apoiar a empresa na decisão que garanta a aquisição de baterias, em data aproximada à que estava prevista para a chegada dos barcos. O objetivo é permitir a disponibilidade das baterias nos prazos adequados, de modo a não impactar na operação da nova frota”, lê-se no curto comunicado.

A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro, também no distrito de Setúbal, e o Terreiro do Paço, em Lisboa. As empresas têm uma administração comum.

[Notícia atualizada às 15:31]