Economia

Entrevista SIC Notícias

Crise na habitação: "Ainda há muito espaço em Lisboa que pode ser ocupado"

O arquiteto Augusto Vasco Costa considera o plano de habitação “preocupante” e defende que Governo e autarquias se deveriam focar no cerne da questão: a falta de dinheiro.

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Nos últimos meses, o preço das casas têm-se mantido estável, mas o aumento do custo de vida e subida das taxas de juro está a condicionar o mercado imobiliário que, no último ano, atingiu o recorde de vendas e de preços.

Em 2022 o valor das casas aumentou quase 13%, ao ritmo mais acelerado de que há registo e 2022 foi também um ano em que o mercado imobiliário atingiu os números mais altos, tanto a nível de vendas como de valores transacionados.

À SIC Notícias, o arquiteto Augusto Vasco Costa sugeriu três pressupostos que poderão ajudar com o problema da habitação na capital portuguesa.

"O primeiro é autofinanciamento, o segundo inclusão social e o terceiro boa vontade do Governo e autarquias de quererem resolver o problema. Não pode ser continuarem a vender os terrenos para habitações de luxo e hotéis e disponibilizarem, apenas, 2% para habitação social", disse o arquiteto.

O arquiteto começa por explicar que se tem de começar um dia a desenvolver planos mais concretos e “através do autofinanciamento e de progressão geométrica, se pode começar a fazer um investimento mínimo, mas conseguirmos uma receita que seja o dobro”. O comentador traça mesmo um exemplo de como se processaria este autofinancimento.

“Se começarmos a construir 15 casas que custam 2 milhões de euros e distribuindo essas casas temos uma receita de 4 milhões. O que é que isso permite? A seguir construir 30 casas e assim sucessivamente”.

O arquiteto considera “o plano da habitação preocupante e temos de ir ao cerne da questão, e o cerne fala em 200 mil habitações necessárias e não há dinheiro”. Contudo frisa que Lisboa tem locais onde podem ser construídas habitações.

“Ainda há muito espaço em Lisboa que pode ser ocupado. Eu moro na Estrela, há imensos terrenos livres: os Inválidos do Comércio, o Inatal, o Hospital da Estrela… São tudo sítios onde se pode construir”.

Augusto Vasco Costa termina por dizer que “a cidade tem de ser densa e temos, efetivamente, de criar uma cidade densa para que as pessoas se conheçam e para que haja mais segurança e vigilância entre todos”.