A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) abriu duas consultas públicas para dois projetos de investimento da Galp em Sines, um para o fabrico de biocombustíveis avançados e outro para a produção de hidrogénio verde, no âmbito dos esforços de descarbonização da petrolífera. No seu conjunto, os dois empreendimentos implicarão investimentos de 486 milhões de euros.
As consultas públicas dos projetos GalpH2Park (hidrogénio verde) e HVO (biocombustíveis) arrancaram na quarta-feira e decorrerão até ao dia 1 de junho. Os estudos de impacto ambiental indicam que no primeiro caso o investimento até 2025 ascenderá a 217 milhões de euros, enquanto o segundo projeto terá um investimento inicial de 269 milhões de euros.
Em ambos os casos, cujos detalhes foram avançados esta sexta-feira pelo “Jornal Económico”, a Galp não tomou ainda decisões finais de investimento, tendo previsto fazê-lo (ou seja, decidir se avança ou não) até ao final deste ano.
Numa apresentação a investidores de março deste ano a Galp indicava ser seu objetivo conseguir até 2030 reduzir em 50% as emissões de dióxido de carbono da sua refinaria em Sines, o que passará quer pelo hidrogénio quer pelos biocombustíveis (produzidos, por exemplo, a partir de resíduos).
O projeto de hidrogénio verde prevê a instalação de uma capacidade de eletrólise de 100 megawatts (MW), que permitirá à Galp substituir parte do hidrogénio que já hoje utiliza na refinaria para produzir combustíveis por hidrogénio de origem renovável.
Esse investimento soma-se a um outro em que a Galp também participa, o GreenH2Atlantic, em parceria com a EDP e outras empresas, que também instalará perto de 100 MW de eletrolisadores nos terrenos da já desativada central a carvão de Sines.
Mas globalmente a Galp admite vir a explorar em Sines até 700 MW de eletrólise, para tornar totalmente verde a sua produção (e consumo) de hidrogénio no processo de refinação.
Durante a construção do GalpH2Park a petrolífera espera que a obra atinja um pico de 296 trabalhadores (dos quais 225 diretos). A construção deverá demorar 25 meses. Na fase de exploração a produção de hidrogénio verde criará 52 postos de trabalho diretos e mais de 200 indiretos.
Também no projeto de HVO (sigla para hydrotreated vegetable oil), a Galp espera um tempo de construção de 25 meses, a arrancar no segundo semestre deste ano (o que pressupõe que a empresa decida efetivamente avançar com o investimento, além de obter a licença ambiental). A construção terá um pico de 1150 trabalhadores, e durante a operação a unidade de biocombustíveis terá 76 novos postos de trabalho diretos, além de 150 a 200 indiretos.