A ASAE está a analisar uma prática implementada em vários supermercados, que destacam o preço de alguns produtos por 100 gramas e não por quilo, como era habitual. Uma fórmula que pode criar aos consumidores uma ideia falsa de produtos mais baixos, que “não é ilegal, mas imoral”, considera José Gomes Ferreira.
“Pode ser legal desde que esteja indicado no produto, mesmo que seja em letras pequeninas, qual é o valor por quilo”, refere, sublinhando que a medida “é imoral porque tenta amenizar a perceção das pessoas sobre o verdadeiro curso do produto”.
Até porque “o consumidor, ao contrário do que é o pressuposto destas práticas, não vai logo fazer uma conversão imediata para quilos” e nem todas as embalagens são de 100 gramas.
“Portanto, isto é uma técnica psicológica para amenizar a perceção do verdadeiro preço e para esconder aumentos, se for o caso, pode acontecer. Faz parte de um conjunto de estratégias que tem técnicas específicas como, por exemplo, manter o preço da embalagem, diminuindo a quantidade. Aconteceu isso com produtos da Nestlé, foi noticiado recentemente”, continua José Gomes Ferreira.
Entre essas técnicas específicas, há algumas que são mesmo ilegais. “Como ter um preço na prateleira diferente do que é pago na caixa”, exemplifica.
Certo é que a “ASAE tem poder para fiscalizar e multar” práticas de mercado que estejam a lesar os consumidores, mas a "própria Autoridade da Concorrência devia estar neste dossier também”.