Economia

Efacec: garantias de 85 milhões de euros não foram acionadas. "Esperamos que não sejam", admite ministro

O Estado injetou 132 milhões de euros na Efacec, a que se somam mais 85 milhões de euros em garantias. O ministro da Economia esclarece que o objetivo é o Estado recuperar o valor investido e ao mesmo tempo manter a empresa.

António Costa e Silva
António Costa e Silva
MANUEL DE ALMEIDA

O ministro da Economia e do Mar disse esta quarta-feira que as garantias de 85 milhões de euros incluídas na injeção que o Estado fez na Efacec não foram acionadas, sublinhando esperar que tal não venha acontecer.

"As garantias não foram acionadas e esperamos que não sejam. O objetivo é o Estado recuperar [o valor investido] e ao mesmo tempo manter a empresa", afirmou o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, na Grande Entrevista da RTP3, que foi transmitida esta terça-feira à noite.

O Estado injetou 132 milhões de euros na Efacec, a que se somam mais 85 milhões de euros em garantias.

“Grande expectativa” que valor pode ser recuperado

António Costa Silva já tinha referido ter "grande expectativa" de que este valor pode ser recuperado.

Questionado sobre o valor da venda da Efacec ao fundo alemão Mutares, o também gestor reiterou que "os negócios não são para se fazer num bazar, na praça pública", sublinhando que em causa está uma "grande empresa tecnológica", que se articula com toda a cadeia no mercado português.

"Não nos podemos esquecer que [a Mutares] é cotada na bolsa de Frankfurt. Na altura que revelarmos o valor, tudo pode mudar", vincou, comprometendo-se a tornar a informação pública assim que a operação estiver concluída.

O processo depende ainda das chamadas condições precedentes, que incluem a autorização da Comissão Europeia, que, por sua vez, exige um teste de mercado, o pronunciamento das autoridades da concorrência e a negociação com os credores financeiros.

"Tudo o que eu possa dizer agora pode prejudicar esse processo e eu não quero, em prol do interesse público", insistiu.

Ministro da Economia apelou a deputados para não “descarrilarem” venda da Efacec

O titular da pasta da Economia esteve, esta terça-feira, na Assembleia da República, num debate de urgência pedido pelo PSD, no qual já tinha sido questionado sobre o valor da venda da Efacec.

Na altura, Costa Silva disse que, "num processo desta delicadeza", quaisquer números que se revelem podem "contaminar" o negócio.

O governante apelou também aos deputados para que não façam "descarrilar" a venda da Efacec.

Já sobre os mais de 2.000 trabalhadores da empresa, o ministro da Economia voltou a dizer que a ideia do fundo alemão é preservar a força de trabalho, apostando também na sua qualificação.

Na semana passada, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros eletrónico, a proposta do fundo alemão Mutares para a privatização da Efacec.

Em conferência de imprensa no Ministério da Economia, Costa Silva assegurou que a proposta foi "meticulosamente analisada", garantindo que esta dá ao executivo "conforto" quanto ao futuro e manutenção da Efacec enquanto "um grande projeto industrial e tecnológico".

O governante destacou ainda que a Mutares tem no seu core business (negócio principal) apostar em empresas com dificuldades, apresentando resultados positivos.

No dia 11 de abril, a Parpública anunciou ter recebido propostas vinculativas melhoradas de quatro candidatos à compra de 71,73% da Efacec, no âmbito do processo de reprivatização da empresa.

As propostas vinculativas melhoradas foram apresentadas pela Mutares, Oaktree, Oxy Capital e Agrupamento Visabeira-Sodecia.

O Governo aprovou em novembro do ano passado um novo processo de reprivatização da participação social do Estado de 71,73%, com um novo caderno de encargos, depois de ter anunciado em 28 de outubro que a venda da Efacec ao grupo DST não foi concluída por não se terem verificado "todas as condições necessárias" à concretização do acordo de alienação.