O Fundo Europeu de Defesa vai financiar 41 novos projetos industriais da União Europeia (UE) com 832 milhões de euros. Em causa estão consórcios para investigação e desenvolvimento industrial que envolvem 550 empresas e entidades de diferentes Estados-Membros e Noruega.
Entre os consórcios europeus selecionados por Bruxelas, estão 14 entidades portuguesas envolvidas em 10 projetos colaborativos orçados em 408 milhões de euros. As contas são da idD Portugal Defence, entidade do Ministério da Defesa Nacional que tem a missão de promover a chamada “economia de defesa”.
A idD Portugal Defence destaca o facto de existir pela primeira vez um projeto liderado por uma entidade nacional, o Citeve - Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal.
Trata-se do projeto “Across - Adaptive Camouflage for Soldiers and Vehicles”, na área dos têxteis e novos materiais para melhor camuflar soldados e veículos, que envolve um total de nove países e outras cinco entidades nacionais: Exército Português, a Damel - Confeção de Vestuário, a Magellan Circle, o CENTITVC - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos Funcionais e Inteligentes ou a Requimte - Rede de Química e Tecnologia. Está orçado em 14,9 milhões de euros.
Outro dos destaques é para a participação da Edisoft num dos projetos bandeira do Fundo Europeu de Defesa: o “E-NACSOS - EU Naval Collaborative Surveillance Operational Standard”, que visa desenvolver um novo padrão colaborativo para a defesa antiaérea e antimíssil a partir de navios.
As outras empresas e entidades nacionais envolvidas em projetos vencedores são (por ordem alfabética): Adyta, CEiiA, Geo Sat, INEGI, Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Inovação, Optimal Structural Solutions e Pahldata - Comércio de Equipamento de Informática.
Para a idD Portugal Defence, a seleção de 14 entidades nacionais “demonstra a competitividade da economia nacional, abarcando projetos em domínios tecnológicos de ponta como os têxteis/novos materiais, os veículos não tripulados, as tecnologias de comando e controlo, o espaço ou a eletrónica”.
“Alguns destes projetos são na área naval, o que também é particularmente relevante para um país com a posição geoestratégica de Portugal”, aponta a idD Portugal Defence. Outro aspeto sinalizado “é o facto de algumas destas empresas participarem em projetos liderados por alguns dos principais players europeus, como a Airbus Space and Defense ou o Naval Group, o que constitui um outro sinal da capacidade nacional de internacionalização”.
O Fundo Europeu de Defesa é o instrumento da UE para apoiar a cooperação no domínio da defesa na Europa, dispondo de um orçamento de 7953 milhões de euros para o período 2021-2027.
Esta nova ‘gaveta’ de fundos europeus tem despertado o interesse da indústria europeia e de empresas de todas as dimensões. Só as PME (pequenas e médias empresas) representam mais de 39% de todas as entidades que participam nas propostas selecionadas neste último concurso, devendo receber 20% do financiamento agora atribuído.
Sem se querer substituir aos esforços dos Estados-membros, o Fundo Europeu de Defesa promove a cooperação entre empresas de todas as dimensões e os atores da investigação em toda a UE. Apoia projetos de defesa colaborativos ao longo de todo o ciclo de investigação e desenvolvimento, sendo privilegiados projetos conducentes a tecnologias e equipamentos de defesa de ponta e interoperáveis. Promove igualmente a inovação e incentiva a participação transfronteiras das PME.
Os projetos são selecionados na sequência de convites à apresentação de propostas. Esses convites são definidos com base nas prioridades em termos de capacidades da UE acordadas em comum pelos Estados-membros no âmbito da Política Comum de Segurança e Defesa.
Na semana passada, a Comissão propôs reforçar o orçamento de longo prazo da UE e criar uma Plataforma de Tecnologias Estratégicas para a Europa (STEP), incluindo um montante adicional de 1500 milhões de euros para o Fundo Europeu de Defesa.
A idD Portugal Defence lembra que o Fundo Europeu de Defesa permite obter financiamento para o desenvolvimento de novas soluções com aplicações de "duplo-uso" - ou seja, com aplicação nos domínios militar e civil - contribuindo para reforçar o posicionamento e a competitividade das entidades portuguesas nos mercados internacionais.
As candidaturas ao novo concurso do Fundo Europeu de Defesa estão abertas até 22 de novembro, prevendo-se um aumento significativo do financiamento, que atingirá os 1,2 mil milhões de euros.