Economia

(Altas) taxas de juro em Portugal nunca foram tão acentuadas

"Não há qualquer razão para termos esta política de divergência na remuneração dos depósitos, porque o BCE define uma taxa de juro igual para todos", sublinhou economista da Deco.

(Altas) taxas de juro em Portugal nunca foram tão acentuadas
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A grande diferença entre as taxas de juros dos depósitos e as dos empréstimos levaram a associação de defesa dos consumidores portuguesa Deco e a espanhola Asufin a chamarem a atenção da Autoridade Bancária Europeia (EBA) para esta situação.

A apresentação da questão foi feita no âmbito do Banking Stakeholder Group (BSG), um órgão consultivo da EBA onde estão representadas as várias visões do ecossistema bancário e onde têm assento a Deco e outras associações de defesa do consumidor europeias, durante a última reunião, na semana passada.

Em declarações à Lusa, Vinay Pranjivan, economista da Deco, manifestou preocupação com a diferença entre a taxa a que são remunerados os depósitos e aquela que os bancos cobram nos empréstimos, salientando que, além de uma chamada de atenção, esta apresentação surge numa altura em que se têm de encontrar soluções para esta questão.

"Não há qualquer razão para termos esta política de divergência na remuneração dos depósitos, porque o Banco Central Europeu (BCE) define uma taxa de juro igual para todos", sublinhou Vinay Pranjivan numa alusão à diferença entre os juros que os bancos recebem pelos depósitos que têm junto do BCE e aquilo que pagam aos depósitos aos seus clientes.

Lembrando que um banco que tenha liquidez e deposite dinheiro no BCE recebe o mesmo independentemente de ser francês, português, espanhol ou grego, o economista da Deco sublinha que, enquanto noutros países da zona euro houve uma "reação muito rápida" nas taxas de juros dos depósitos, assim que o BCE começou a subir as suas taxas diretoras, em Portugal "apenas agora se começou a assistir a uma ligeira subida".

De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal (BdP), a taxa de juro dos novos depósitos a prazo de particulares subiu em maio para 1,26%, valor que coloca Portugal como o quarto país da zona euro com taxas de juro mais baixas -- com Espanha a surgir em sexto.

Já do lado dos empréstimos, a taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação foi em maio de 4,15%.Vinay Pranjivan referiu ainda que no passado esta discrepância também se verificou, mas nunca de forma tão acentuada como sucede agora.