Mais países decidiram repatriar as reservas de ouro no ano passado em resposta às sanções ocidentais à Rússia depois da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, de acordo com um estudo anual da empresa de gestão de ativos Invesco.
Segundo a Reuters, em notícia desta segunda-feira, 10 de julho, o inquérito - que auscultou 85 fundos soberanos e 57 bancos centrais, num total de 142 entidades - deu conta de um aumento do número de instituições monetárias que, à luz das sanções ocidentais à Rússia, preferiram repatriar as suas reservas de ouro. Em 2020, 50% dos inquiridos disse ter as reservas num depósito doméstico; ao passo que, no ano passado, esta quota foi de 68%.
O estudo mostrou ainda que perto de 60% dos inquiridos disse considerar que as sanções tornaram o ouro um ativo mais apetecível.
O estudo cita um representante anónimo de um banco central, que diz que a sua instituição “teve [ouro] depositado em Londres, mas agora transferimo-lo de volta para o nosso país (…) de forma a mantê-lo seguro".
Depois da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, as sanções ocidentais congelaram quase metade das reservas russas de 580 mil milhões de euros em ouro e divisas que estavam depositadas em instituições no estrangeiro.
Cerca de 80% dos inquiridos considerou que seriam as rivalidades geopolíticas o maior desafio dos próximos dez anos. Para os próximos 12 meses, 83% disse que seria a inflação o maior problema.
Perante esta avaliação, o estudo indica igualmente que vários bancos centrais estão a ser incentivados pela turbulência geopolítica global e pelo dinamismo dos países emergentes a diversificar reservas, diminuindo a preponderância do dólar norte-americano.
As instituições que consideram que a dívida dos EUA é um problema para o dólar cresceram para 7%; ao passo que o número de bancos centrais que encaram o yuan, a moeda chinesa, como um futuro rival à altura do dólar caiu para os 18%, face a 29% em 2022.