Portugal é o país da Organização Europeia de Cooperação Económica onde mais aumentaram os custos do trabalho. Já na maioria dos países, pelo contrário, foram os lucros das empresas que aumentaram ainda mais.
À boleia da inflação, os lucros das empresas e os salários dos trabalhadores têm marcado a atualidade política e social e também a discussão económica.
O relatório da OCDE compara o período pré-pandémico com os primeiros três meses do ano em que os lucros unitários, ou seja, a diferença entre o custo de produção e o preço de venda cresceram mais do que o custo do trabalho na maioria dos países da organização.
Portugal está em sentido inverso em que o custo real do trabalho por cada unidade produzida subiu 4,9% entre o quatro trimestre de 2019 e o primeiro deste ano.
Já na maioria dos Estados Membros da OCDE houve um decréscimo de 1%.
Comparando com o final de 2019 antes da pandemia os custos do trabalho por produção aumentaram 19%, mais do dobro dos lucros que foi de 8%.
As empresas gastaram mais dinheiro com salários e complementos do que os resultados que obtiveram e acima do aumento da produtividade.
O relatório anual sobre o emprego revela também que embora os salários estejam a crescer devido à inflação em termos reais estão a cair porque
na realidade as pessoas estão a perder poder de compra face ao aumento do custo de vida.
A OCDE, que tem sede em Paris, e analisou o mercado de trabalho em 29 países conclui ainda que os lucros podem dar margem para recuperar o poder de compra.