Economia

Tripulantes da easyJet concentrados no aeroporto de Porto nos primeiro de cinco dias de greve

Sindicato acusa companhia de ter orçamento para greves mas não para aumentos salariais e avisa que os tripulantes de cabine estão preparados para mais paralisações.

Tripulantes da easyJet concentrados no aeroporto de Porto nos primeiro de cinco dias de greve
JOSÉ COELHO

Três dezenas de tripulantes de cabine da easyJet estão hoje concentrados junto ao aeroporto de Sá Carneiro, no Porto para reivindicar melhores condições, no primeiro de cinco dias de greve que obrigaram a empresa a cancelar 346 voos. O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil critica a easyJet por “ter budget para greves mas não para aumentos salariais”.

Em declarações aos jornalistas, Jéssica Froes, dirigente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), disse que foram canceladas a nível nacional 96 ligações. A empresa já tinha cancelado 346 voos no pré-aviso de greve.

"Hoje houve no Porto um voo cancelado para o Luxemburgo e há mais a nível nacional. Sessenta e seis não foram cancelados, mas os passageiros podem ser surpreendidos", disse Jéssica Froes.

Os destinos mais afetados pela paralisação são Madeira, Londres Paris, Genebra e Luxemburgo.

As cerca de três dezenas de tripulantes em protesto no exterior do aeroporto Sá Carneiro gritam palavras de ordem como "Não voamos, não voamos".

Os manifestantes empunham também cartazes onde se pode ler "Aviação em expansão, salários é que não" e "Não somos menos que os outros".

Passageiros surpreendidos com voos cancelados

No Porto, já vários passageiros foram surpreendidos com o cancelamento de um voo que ia às 07:10 para o Luxemburgo.

"Estivemos tempo e tempo e mais tempo à espera de uma explicação e nada. Agora, se tiver voo, só vou às 18:00. E eu não sou do Porto, vim para cá ontem [quinta-feira] e paguei hotel e alimentação para estar pronta às 07:00 da manhã e agora quem me paga isso? É inadmissível", disse Irene Gomes.

Ao lado o marido, Filipe Gomes, explicou por que é que "precisam mesmo muito de chegar ao Luxemburgo": "Vou lá tomar uma vacina. Tinha a enfermeira para me ir a casa já marcada e tudo", descreveu, acrescentando, que apesar da incerteza, vai esperar 12 horas no aeroporto Sá Carneiro e "ter esperança".

Loading...

Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil acusa easyjet de "precarização e discriminação"

O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil acusou hoje a easyJet de "ter um 'budget' para greves mas não para aumentos salariais" e avisou que os tripulantes de cabine estão preparados para mais paralisações.

"Infelizmente, a empresa tem a postura de que quando fazemos um pré-aviso de greve eles cancelam as reuniões. A easyJet já tem um 'budget' [orçamento] para greves. Em França e Espanha também foi necessário haver uma, duas, três e infelizmente quatro greves para a empresa ouvir", disse Ricardo Penarróias.

"Não é justo que um tripulante em Portugal ganhe menos 67% do que um tripulante em França ou na Alemanha. Não é o nível de vida de Portugal comparado com França que justifica esse diferencial. Estamos a falar de uma das bases mais rentáveis, rede essa que teve lucro no primeiro trimestre de 228 milhões. Os lucros têm de acompanhar as condições dos trabalhadores", disse.

Aos jornalistas, Ricardo Penarróias disse que a negociação com a empresa "parece um jogo de paciência", usando como exemplo o que aconteceu em outros países, como Espanha ou França onde, insistiu, "foi preciso chegar à terceira ou quarta greve para que algumas reivindicações dos tripulantes de cabine fossem ouvidas".

"A realidade é sempre a mesma: uma proposta sempre muito abaixo da realidade do país. A segunda proposta vem com algumas melhorias e a terceira também. Já vamos na terceira greve infelizmente. Isto parece um jogo de paciência. Esperemos que a empresa perceba que as reivindicações são justas", disse.

Para o presidente do SNPVAC, a situação é "clara e evidente": "Se a easyJet afirma que é a segunda marca em Portugal, então as condições de salário têm de acompanhar esse crescimento", resumiu.

Os tripulantes de cabine da companhia aérea easyJet dão hoje início a uma greve que se prolonga até terça-feira para reivindicar condições semelhantes às das bases da transportadora noutros países.

Em 06 de julho, a proposta da easyJet foi 'chumbada' por 90% dos tripulantes de cabine do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).

O SNPVAC referiu nessa altura que "não existe mais espaço a negociação", não restando alternativa "se não declarar um pré-aviso de greve para os próximos dias 21, 22, 23, 24 e 25 de julho".

Os tripulantes de cabine da easyJet estão, assim, a cumprir a terceira greve nos últimos meses, depois de uma paralisação em abril e outra no fim de maio e início de junho, reivindicando condições semelhantes para os tripulantes das bases portugueses às dos das bases noutros países.