Economia

Análise

"Este ano estamos a nadar em dinheiro como nunca visto"

O economista e comentador da SIC, João Duque, acredita que as novas medidas de crédito à habitação são importantes e que podem apoiar as pessoas que estão em dificuldades.

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João Duque, economista e comentador da SIC, analisa o regime de apoio à bonificação do crédito habitação e o anúncio feito pelo ministro das Finanças de que está a ser negociado com os bancos e com o Banco de Portugal a possibilidade de “alargar significativamente” a oferta de regimes de taxa fixa nos créditos à habitação.

Para o economista é preciso ver “com detalhe as condições que vão ser estipuladas, porque até agora já existe uma medida de apoio, a bonificação de empréstimos, ou melhor, das condições para os juros”.

"Há um trabalho importante a ser feito: que é dar a possibilidade das pessoas poderem transitar de umas taxas para outras sem que isso penalize os bancos”, destaca. Isto porque, “muitas vezes as pessoas não percebem bem porque é que os bancos têm relutância em oferecer determinado tipo de produtos”.

Essa relutância acontece, explica, porque os bancos percebem que quem pede “condições mais favoráveis, é porque com certeza, não está nas melhores condições e isso leva a que os bancos (...) devam olhar para estes sinais como alertas sobre a qualidade creditícia do cliente”.

O economista questiona porém se “já subimos tudo ou estamos perto do cimo da montanha, e se a partir daí vamos entrar numa zona de horizontal ou vamos começar a descer”, considerando que “é impossível dizer, e quem o afirmar está apenas a especular”.

Ainda assim, uma coisa é certa, alerta João Duque: "Vamos ter que sofrer um pedaço de tempo porque a inflação muda”.

Portugueses vão sentir alívio no próximo ano?

“Espero que sim e a inflação tem ajudado imenso a partir dos impostos indiretos. Ao IVA aplica-se uma taxa sobre o preço, o preço sobe, sobe a taxa e, portanto, a arrecadação do IVA tem sido uma coisa fantástica”, destaca João Duque.

Em junho, Portugal tinha um défice de 300 milhões de euros, mas agora “vamos com um superavit de mais de três mil milhões, portanto, diria que nós este ano estamos quase a nadar em dinheiro como nunca visto”, diz o economista.

Em relação ao próximo ano, o comentador da SIC, acredita que reduzir o IRS dá vantagem de deixar o dinheiro na mão das pessoas e dar-lhes a possibilidade de escolha, relembrando que “o Estado disse no outro dia que não há superavits orçamentais, isto é dinheiro a mais, porque temos uma dívida acumulada muito grande e é preciso pagá-la, mas se calhar também fazendo um percurso, não tão agressivo também seja interessante para as famílias, para que possam ter espaço disponível. Há espaço, é preciso vontade política para o fazer”, conclui.