Economia

Análise

"Temos já muitas famílias com dificuldades em suportar a prestação da casa"

Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da DECO, explica o que está em causa com a subida das taxas Euribor e o que as famílias podem fazer para evitar incumprimento.

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Pagar a casa é cada vez mais difícil. A prestação média do crédito à habitação aumentou mais de 40% em julho, comparando com o mesmo período do ano passado. Mais de 90% das famílias têm crédito à habitação com taxa variável indexada à Euribor.

“Isto significa que, sempre que a Euribor aumenta, aquando da revisão do crédito à habitação - a 3 meses, 6 meses a um ano - é um aumento substancial da da prestação”, diz Natália Nunes da DECO..

Desde o início do do ano que o BCE começou a subir ou pelo menos deu indicações de que iria começar a subir as taxas de de referência e imediatamente isso começou a refletir na Euribor.

“Nós da DECO temos as situações de famílias que já viram a sua prestação duplicar face àquilo que era a prestação de 2022. E claro que isto tem efeitos nefastos para as famílias e temos já muitas famílias com dificuldades em continuar a suportar a prestação”.

As solicitações que chegam à DECO refletem esta realidade. São muitos os casos que lhes chegam de pessoas que já não conseguem de todo pagar estes aumentos.

“Não conseguem pagar pontualmente a sua prestação, temos famílias de menores rendimentos com taxas de esforço mais elevadas que estão neste momento com muitas dificuldades em honrar os pagamentos”.

Falta de abertura da banca para soluções

Natália Nunes refere que muitas pessoas se têm queixado para a falta de abertura da banca para encontrar uma solução para evitar que as famílias entrem em situação de incumprimento.

“É verdade que têm sido criados alguns mecanismos, até alguns apoios, nomeadamente o último apoio que foi criado foi a bonificação à taxa de juro, mas ele é manifestamente insuficiente para fazer face aos aumentos das prestações. Claro que para as famílias que estão em dificuldades, qualquer apoio é bom, mas tem que ser um apoio que permita às famílias não entrarem em situação de incumprimento e não é aquilo que se está a verificar”.

Tendência para aumentar mantém-se em setembro

Em setembro pode voltar a haver uma subida prevista pelo Banco Central Europeu porque a inflação não está controlada.

“Não há uma perspetiva de as taxas diminuírem no curto prazo e de forma acentuada, portanto, aquilo que as famílias tem que ter em conta é que possivelmente vão manter-se estes valores da Euribor durante algum algum tempo elevado”.

A ajuda da DECO

Além destas medidas que têm vindo a ser implementadas e daquelas que já estão previstas, a DECO tem estado ao lado destas famílias e fornece respostas perante estes problemas.

“Nós ajudamos as famílias a olhar para os seus orçamentos familiares e tentar evitar que entrem em situação de incumprimento e tentamos ver até junto da banca soluções que evitem que as famílias entrem em situação de incumprimento”.

Assim, fica o conselho:

“Qualquer família que está em situação de dificuldade que não sabe o que fazer perante o aumento da sua prestação, pode sempre recorrer aos serviços da DECO e terá, com toda a certeza, um acompanhamento e uma indicação de quais são os vários caminhos possíveis a adotar para evitar entrar numa situação de rutura”.