Economia

Juros altos levam a redução do número de créditos pedidos aos bancos

As famílias portuguesas procuraram menos financiamento bancário entre outubro e dezembro devido aos aumentos das taxas de juro, segundo mostram os dados do Banco de Portugal.

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As taxas de juro continuam a pressionar as famílias portuguesas de tal forma que, no último trimestre de 2023, houve uma grande redução no número de créditos pedidos aos bancos.

A previsão é que a situação se mantenha, pelo menos, até março, e isso pode impactar, por exemplo, o mercado imobiliário.

Os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP) mostram que no último trimestre de 2023 a procura por empréstimos caiu tanto para compra de casa como para bens de consumo.

“Estes dados refletem aquilo que se passou no mercado, muito derivado a subida das taxas de juro que registámos durante o ano de 2023 e que encareceram muito o acesso ao crédito. Isto criou uma pressão aos orçamentos familiares que fez com que tivessem de reduzir despesas e procurar outro tipo de alternativas. Nesse sentido, há aqui uma retração do consumo”, explicou Nuno Rico, especialista em assuntos financeiros da DECO Proteste.

2024 arrancou com previsões otimistas, com uma nova descida das Euribor e uma redução das prestações da casa. No entanto, o BdP diz que a tendência de queda nos pedidos de créditos aos bancos deverá manter-se nos próximos meses.

“Não se perspetiva, para já, um ano ainda de muito alívio para as famílias portuguesas... nomeadamente pela questão das taxas de juro que, mesmo descendo, não deverão descer para valores muito abaixo do que se registaram o ano passado. E por estes fatores que pressionam os rendimentos das famílias: o continuo aumento do custo de vida e o aumento do desemprego, que poderá levar a reduções do ponto de vista dos rendimentos”; elaborou Nuno Rico.

As quebras no crédito às famílias poderiam mexer com o mercado da habitação, mas o investimento estrangeiro continua a pesar muito nas contas internas.

“Considerando que há aqui outra procura, nomeadamente procura através de investidores estrangeiros e clientes estrangeiros (...) Há aqui um abrandamento na evolução dos preços da habitação mas não se esperam grandes descidas, para já, durante o ano de 2024", concluiu o especialista.

A expectativa é que, até março, os critérios de concessão se mantenham praticamente inalterados no caso do crédito à habitação, mas o Banco de Portugal avisa que se podem tornar mais apertados no segmento ao consumo.