O próximo Governo a tomar posse vai herdar um excedente nas contas públicas e uma dívida abaixo dos 100% do PIB. O que dará margem ao novo primeiro-ministro para cumprir algumas das promessas feitas durante a campanha eleitoral. Mas essa almofada financeira pode esgotar-se rapidamente.
A inflação está a abrandar, mas o crescimento económico também. É num cenário de instabilidade internacional e com juros que continuam altos que o novo Governo vai entrar em funções.
Herda uma almofada nas contas públicas superior a dois mil milhões de euros e um excedente orçamental no final de 2023 de cerca de 1%. O maior de sempre em democracia.
Dinheiro que poderá dar margem ao novo primeiro-ministro para aplicar algumas das promessas eleitorais feitas durante a campanha.
Se como esperado o Presidente da República indigitar Luís Montenegro na próxima semana o líder da Aliança Democrática já estabeleceu prioridades.
"O nosso Governo, ato imediato à sua entrada em funções, vai abrir um processo de diálogo e negociação com os representantes das forças de segurança para repor a justiça que é legitimamente reclamada", disse Luís Montenegro.
Luís Montenegro quer atribuir às forças de segurança o suplemento de missão que já é pago à Polícia Judiciária o que poderá custar pelo menos 154 milhões de euros por ano.
O líder da Aliança Democrática prometeu também devolver todo o tempo de serviço congelado aos professores.
"A proposta do PSD é que todos este tempo possa ser recuperado pelos professores nos próximos cinco anos, com um ritmo de 20% em cada um desses anos", esclareceu Montenegro.
O que, segundo Luís Montenegro, custará entre 250 a 300 milhões de euros no total de cinco anos.
Mais ou menos o mesmo valor que o Governo ainda em funções dizia que ia custar a medida por ano.
O programa eleitoral da AD diz que não serão precisos mais de 60 milhões anualmente.
Além destas duas medidas, a Aliança Democrática promete ainda um plano de emergência na saúde que além de reduzir prazos e investir em mais profissionais quer dar incentivos a médicos e enfermeiros.
Para tudo isto, o excedente orçamental deixado por Fernando Medina dará uma ajuda. Mas a almofada pode esgotar-se.
Só no início deste ano, o saldo das contas públicas recuou quase mil milhões.
Continuou positivo, mas os gastos com pessoal, as subidas salariais na função pública e o aumento das pensões fizeram o valor do excedente cair.
Por isso, o valor disponível para gastar noutras medidas é agora menor.