O Banco Central Europeu (BCE) está confiante em baixar as taxas de juros, se os dados de maio e junho revelarem que a resposta à sua política monetária continua forte, embora não possa comprometer-se com novos cortes depois disso.
A presidente da instituição, Christine Lagarde, sublinhou, durante a sua participação num evento organizado pelo Instituto para a Estabilidade Monetária e Financeira, em Frankfurt, que durante os meses de maio e junho a instituição terá muito mais dados para saber se está no bom caminho para atingir o seu objetivo de inflação de 2%.
"Se estes dados revelarem um grau suficiente de alinhamento entre a trajetória da inflação subjacente e as nossas projeções, e partindo do princípio que a transmissão se mantém forte, podemos passar à fase de revisão do nosso ciclo de política monetária e aliviar a orientação restritiva", afirmou.
Posteriormente, porém, haverá um período "em que será necessário continuar a confirmar que os novos dados apoiam" as perspetivas de inflação do BCE, numa altura em que as suas decisões continuarão a depender dos dados.
"Tal implica que, mesmo após o primeiro corte das taxas, não nos poderemos comprometer antecipadamente com uma trajetória específica das taxas", continuou.
Para poder baixar as taxas de juro, Lagarde vai aguardar os dados sobre o crescimento dos salários negociados no final de maio, bem como os dados sobre a inflação.
"Nos próximos meses, receberemos mais dados, que nos ajudarão a avaliar se podemos estar suficientemente confiantes quanto ao caminho a seguir, à medida que avançamos para a próxima fase do nosso ciclo de política monetária", afirmou.
A responsável pela política monetária europeia acredita que as suas decisões futuras serão moldadas pelo crescimento dos salários, pelas margens de lucro das empresas e pelo crescimento da produtividade.
No entanto, não podem esperar até terem toda a informação relevante, pois isso poderia implicar o risco de atrasar o ajustamento da política monetária, pelo que tomarão uma decisão futura com os dados disponíveis nos próximos meses.
BCE não se compromete com um corte definitivo nas taxas de juro
Christine Lagarde diz que, mesmo que haja uma primeira descida, essa pode não ser a tendência nos meses seguintes.
“Mesmo depois de um primeiro corte da taxa de juro, não podemos comprometer-nos antecipadamente com uma trajetória específica na taxa de juro”, sublinhou a presidente da instituição.
O BCE decidiu na sua última reunião, no início de março, manter as taxas de juro em 4,5% - o nível mais elevado desde 2001 -, a facilidade de crédito - que empresta aos bancos durante a noite - em 4,75% e a facilidade de depósito - que remunera as reservas excedentárias durante a noite - em 4%.
Com Lusa