Depois de nove anos a descer, a diferença salarial entre homens e mulheres voltou a agravar-se. Em média, as mulheres ganham menos 13% do que os homens, sobretudo na cultura e no desporto.
A diferença de salários entre homens e mulheres voltou a aumentar. Apenas 0,1%, mas foi o suficiente para interromper as descidas consecutivas ao longo dos últimos nove anos.
O Jornal de Notícias analisou os dados da Segurança Social e verificou que, em 2022, as mulheres ganharam - em média - menos 13,2% do que os homens. Em 2021, a diferença era de 13,1%. Como termo de comparação, em 2012, a diferença era de 18,5%. A tendência era positiva, mas em 2022 a tendência foi interrompida.
Em números, isto quer dizer que as mulheres receberam um salário médio bruto de 1.049,80 euros, enquanto os homens receberam 1.209,70 euros. Se contarmos com subsídios, prémios e outras regalias, a diferença passa para 16%.
Olhando para o mapa do país, os distritos com as maiores assimetrias salariais por género são Coimbra, Aveiro e Leiria.
Por setor, o desporto é onde as diferenças são maiores. Os valores praticados, sobretudo, no futebol contribuem para diferenças de mais do dobro entre os atletas masculinos e as femininas.
Os dados são recolhidos anualmente, com base nas informações prestadas pelas empresas ao declararem os descontos feitos para a Segurança Social.
A presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, Carla Tavares, em declarações ao JN, sublinha que os dados de 2022 "ainda não refletem o resultado das notificações da Autoridade para as Condições de Trabalho durante 2023, e que terão levado à correção de muitas diferenças".
De 2021 para 2022, a diferença agravou-se, sobretudo, nos setores dos transportes e armazenagem, consultoria, educação e comunicação. Nos setores mais bem pagos em Portugal, como o das novas tecnologias, a participação das mulheres é quase insignificante, o que agrava a média nacional.
Os especialistas alertam para a necessidade de uma maior apoio para a conciliação entre trabalho e família. A maternidade e o apoio à família continua a ser uma das principais diferenças para a as mulheres não progredirem profissionalmente para terem acesso a salários mais altos.