O Secretário-geral do PCP defendeu esta terça-feira que o Estado deve adquirir capital da Inapa, para manter a capacidade produtiva da empresa e seus 200 postos de trabalho. Uma posição contrária à do Governo que rejeita ter de intervir para salvar a empresa.
"Nós estamos perante uma empresa que é uma empresa que produz, ainda por cima papel, que não é um negócio que esteja muito mau, pelo contrário. Portanto, o Estado tem de intervir, salvaguardando os 200 postos de trabalho e a capacidade produtiva da empresa."
Paulo Raimundo defendeu, que "não vale a pena" o Governo alegar que tem "falta de dinheiro", referindo que são 12 milhões de euros e pedindo que se compare com o dinheiro que o Estado está a investir para "pagar o 'lay-off' na Autoeuropa, que está em curso neste momento" e que considerou "completamente injustificado".

Também Mariana Mortágua manifestou "muita preocupação" com o que está a acontecer na Inapa. Questionada se também considera que o Estado deve adquirir capital da empresa, Mariana Mortágua respondeu que "é preciso avaliar a situação e ver se essa é uma decisão que tem futuro ou não", mas salientou que "à partida deve haver sempre uma preocupação para tentar proteger postos de trabalho e viabilidade em indústrias que são importantes para o país".
A coordenadora do BE considerou que "o mais grave de tudo" nesta situação é que "estas decisões são sempre tomadas de forma aleatória, sem uma estratégia para o que o Governo e Portugal quer da sua economia".
As declarações dos dois líderes partidários aos jornalistas foram dadas durante uma concentração à frente do Hospital Santa Maria, em Lisboa, na concentração promovida pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), no âmbito da greve nacional de médicos.
Inapa anunciou que vai declarar insolvência "nos próximos dias"
Na segunda-feira, o ministro da Economia, Pedro Reis, disse estar a acompanhar a insolvência da empresa, mas rejeitou que o Estado tenha que salvar a empresa realçando que a obrigação é sim proteger o dinheiro dos contribuintes. Também o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, num comunicado enviado à SIC, disse que que só soube da situação crítica a 11 de julho e que a proposta da Inapa não reunia condições sólidas, nem demonstrava viabilidade económica e financeira para ressarcir o Estado.
No domingo à noite, em comunicado ao mercado, a Inapa anunciou que vai declarar insolvência "nos próximos dias", depois depois do Estado, que detém 45% do capital, ter chumbado um pedido de injeção de capital de 12 milhões.
Os membros do conselho de administração e da comissão executiva demitiram-se e a CMVM suspendeu a negociação das ações da empresa.
Com Lusa