A greve de 24 horas nas oficinas da CP regista uma adesão de 100%, segundo fonte sindical, mas sem supressões de comboios até ao momento, podendo ter impacto sobretudo estas exta-feira porque hoje "não há ninguém para reparar" avarias.
“Entrámos para a empresa com X funções e ao longo dos anos foram aumentando a polivalência, ou seja, o mesmo trabalhador começou a fazer cada vez mais funções e na parte remuneratória não se verifica um aumento salarial. É a mesma coisa que entrarmos a trabalhar para uma padaria só para fazer pão e passamos a fazer bolos, a reparar a parte elétrica e não há nenhuma compensação”, sustenta Paulo Santos, do sindicato Independente Nacional dos Ferroviários.
Em declarações à agência Lusa, o sindicalista António Pereira lembra que “as oficinas estão paradas a 100%. Não há ninguém a trabalhar”. Por isso, avisa, o impacto da greve na circulação deverá sentir-se "mais para amanhã [sexta-feira] ou ao final do dia de hoje", uma vez que, "se [hoje] houver uma avaria em qualquer comboio, [este] vai ficar retido porque não há ninguém para a reparar".
Contactada pela Lusa, fonte oficial da CP confirmou que, até ao momento, "não se registam supressões" e que "a circulação está a decorrer dentro da normalidade".
Convocada pelo Sinfb e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Metro e Ferroviários (Stmefe) para o período entre 9 e 31 de agosto, a greve afeta o trabalho das oficinas da CP e incide sobre o trabalho extraordinário, com exceção do dia de hoje, em que é de 24 horas.
Como resultado, a CP alertou para a possibilidade de "perturbações pontuais na circulação".
"Informamos que, por motivo de greve convocada pelos sindicatos Sinfb [Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários] e Stmefe [Sindicato dos Trabalhadores do Metro e Ferroviários], entre os dias 9 e 31 de agosto de 2024, preveem-se perturbações pontuais na circulação, podendo ser mais acentuadas no dia 15 de agosto [hoje]", lê-se num aviso no site da transportadora.
A CP chegou a acordo, no mês passado, com 11 sindicatos, tendo sido desconvocada uma greve prevista para essa altura, mas as duas estruturas sindicais não concordam com o que foi apresentado.
Com LUSA