O Banco Central Europeu (BCE) deverá voltar a descer as taxas de juro de referência para a zona euro esta quinta-feira. A concretizar-se será a quarta descida, ainda que a dimensão do corte continue em aberto. Os analistas antecipam uma redução de 25 pontos base, mas no Conselho de Governadores há quem aposte num corte mais acentuado de meio ponto percentual. Na última reunião, o governador do banco central francês disse que estavam reunidas todas as condições para mais um corte das taxas, mesmo no contexto de turbulência das economias de França e da Alemanha. Catarina Castro considera que o contexto económico destes países europeus pode até contribuir para que se chegue a outro patamar.
"Provavelmente iremos conseguir aqui alcançar um patamar diferente, ou seja, conseguirmos que haja uma decisão de um corte de 50 pontos base, não é certo, mas é um caminho que se faz desta forma, dia a dia, um bocadinho através da monitorização dos dados.
Christine Lagarde tem estado nas últimas duas semanas a demonstrar um nível de preocupação muito alto, seja pelo lado do acentuar da crise política em França, seja também com a incapacidade que temos de uma economia alemã de ganhar alguma atração de crescimento e de garantia de motor de crescimento e, portanto, perante este contexto que se agudizou e, portanto, piorou significativamente nas últimas 2 semanas, daí a hipótese de termos realmente este corte 50 pontos base", refere a comentadora da SIC.
Qual o impacto dessa descida no bolso dos portugueses?
Essa decisão será divulgada ao início da tarde e, caso se confirme essa descida, colocaria a taxa de referência abaixo já dos 3%. Quem tem empréstimos à está certamente atento a essa evolução.
Catarina Castro explica que é uma descida que coloca a trajetória das Euribor, que é aquela que consegue atualizar os contratos de crédito da habitação, já a caminho dos tais 2% para o próximo ano.
"O que também significa que provavelmente por cada 150.000 euros de empréstimo de crédito à habitação, com um spread de 1% implícito, teremos aqui provavelmente uma redução entre 100 a 130 euros mensais do ponto de vista de folga adicional para as famílias.
Lembrando que a taxa de referência do BCE está atualmente nos 3,4%, se confirmados uma redução de meio ponto percentual, iremos para baixo dos tais 3% e as curvas de Euribor, especialmente nos 6 meses, que estão a situar-se ainda acima dos 2,5%, muito provavelmente irão iniciar a sua trajetória para próximo destes tais 2%. E daí esta folga que será implícita nas revisões dos contratos de crédito à habitação para quem os tenha indexados à taxa dos 6 meses".