Economia

Homens continuam a ganhar mais do que mulheres: fosso salarial aumentou 70% em 10 anos

Há mais mulheres empregadas e em cargos de chefia, mas os homens continuam a ganhar, em média, mais 242 euros por mês. O fosso salarial entre homens e mulheres continua a agravar-se. Nos últimos dez anos, aumentou 70%.

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Há mais mulheres a trabalhar e até em cargos de chefia, mas o salário não está a acompanhar essa evolução. Em 2014, os homens recebiam em média mais 141 euros do que as mulheres. 10 anos depois, o fosso agravou-se: as mulheres continuam a receber menos 242 euros do que os homens, apesar do aumento dos salários.

Os dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE) e foram recolhidos pela Randstad, empresa que trabalha no setor dos recursos humanos. As estatísticas mostram que a diferença salarial entre homens e mulheres aumentou mais de 70% em 10 anos.

"Isso deve fazer-nos pensar o que é que nós, enquanto empresas, podemos fazer para que não haja esta diferença tão grande. E se nós pensarmos na situação de Portugal, comparativamente com a União Europeia, ainda assim Portugal continua abaixo da média", diz Isabel Rogeiro, da Randstad.

Desigualdade em várias áreas

É na agricultura e no setor dos serviços que o fosso salarial entre homens e mulheres é maior. Nos transportes, telecomunicações, retalho e turismo, a diferença chega a ultrapassar os 300 euros, mesmo em áreas e empresas onde há mais mulheres do que homens a trabalhar.

"Um outro setor onde isso acontece é no setor do cuidado, em que há uma predominância feminina enorme e temos uma diferença salarial que chega aos 20%. E isto porquê? Quem é que está nos lugares de chefia? São sobretudo os homens", afirma Carla Tavares, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego.

A autoridade para as condições no trabalho notificou em janeiro cerca de 4.000 empresas onde a diferença salarial é superior a 5%. Casos que a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego está a acompanhar.

A presidente admite que a primeira reação nem sempre é a melhor, mas que a maior parte das empresas acaba por adotar medidas para reduzir ou eliminar essa diferença. Ainda assim, há entraves.