Economia

Despedimentos coletivos dispararam no início de 2025

A situação deverá agravar-se com centenas de empresas a apresentar processos para dispensar trabalhadores.

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O número de pessoas que ficaram sem trabalho disparou no início deste ano, devido a despedimentos coletivos. Só entre janeiro e fevereiro foram mais de 1200 pessoas que perderam o emprego no âmbito destes processos. Uma situação que deverá agravar-se nos próximos meses.

Há mais de 30 anos em Ovar, a Yazaki Saltano é uma referência na produção de componentes para automóveis, mas devido à crise que se instalou ao volante deste setor, avançou com um processo de despedimento coletivo. São 364 trabalhadores a quem a fábrica abriu a porta de saída.

“Há situações muito precárias, há situações de famílias completas que trabalham nesta unidade e sinceramente é uma angústia muito grande para estas pessoas.” adianta Gustavo Gaspar, Sindicato Nac. Indústria e Energia.

Desta empresa saem componentes elétricos e eletrónicos que entram em algumas das grandes marcas europeias de automóveis. O setor tem vindo a sentir o impacto da concorrência da China e dos Estados Unidos, uma situação com tendência para se agravar devido à guerra comercial em curso.

Perante o que está ainda por vir e com o desemprego em 6,4 por cento, a ministra do Trabalho diz não estar preocupada.

“Neste preciso momento o nosso mercado de trabalho está muito bem, é preciso dizê-lo de forma desassombrada. Estamos bastante confortáveis mas não estamos menos atentos.”

Nos primeiros dois meses deste ano foram iniciados mais de uma centena de processos. Um mecanismo acionado pelas empresas que, de acordo com os dados da direção geral do emprego e das relações do trabalho, vai afetar 1215 trabalhadores.

O que dizem as estatísticas?

Entre janeiro e fevereiro, 1204 pessoas foram vítimas dos despedimentos coletivos. Há um aumento superior a 22 por cento, em relação ao mesmo período do ano passado, um valor superior aos tempos da Troika e da pandemia.

Nesta matéria este é o pior arranque de um novo ano desde 2014.

Os despedimentos coletivos afetaram acima de tudo as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e o norte.
Foram mais as mulheres que perderam o emprego. E quase metade destes despedimentos encontra-se nas indústrias transformadoras, seguem-se as telecomunicações e o comércio por grosso e a retalho.