Economia

Análise

Guerra comercial: se houver quebra de confiança "todas as economias sofrerão e recessão será inevitável"

Se houver uma quebra de confiança nos mercados, poderá haver uma "grave crise financeira", diz José Gomes Ferreira. Já Luís Mah, professor de Desenvolvimento Global no ISCTE, considera que a retaliação imediata da China mostra que Pequim "não está disposto a negociar".

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José Gomes Ferreira, da SIC, destaca que se houver quebra de confiança, perante a baixa nos mercados de capitais, todas as economias vão sofrer. Por outro lado, Luís Mah, professor de Desenvolvimento Global no ISCTE, considera que a China está a mostrar aos Estados Unidos que está "disposta a lutar".

Mais "preocupante ainda" é o que pode acontecer a seguir: haver quebra de confiança.

"Investidores acreditam que empresas vão ter menos negócio e, por isso, estão a deixar de comprar os títulos. E quem tem, está a vendê-los. Mas há muitos bancos e fundos que estão expostos a essas empresas. As ações desses bancos e desses fundos estão cotadas em bolsa. Por aí, pode começar a quebrar-se a confiança e chegar aos bancos, ao sistema financeiro", afirma.

Se acontecer, será o início de uma "grave crise financeira". "Todas as economias sofrerão e a recessão será inevitável", acrescenta José Gomes Ferreira.

O mercado continua a ser afetado pela entrada em vigor das tarifas impostas por Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos e pelas medidas de retaliação anunciadas pela China, que podem ser seguidas pelas de outras grandes economias, como a da UE.

Luís Mah, professor de Desenvolvimento Global no ISCTE, defende, na SIC Notícias, que a retaliação imediata da China mostra que "não está disposta a negociar".

"Mesmo que Donald Trump queira negociar, será ele a dar o primeiro passo, não será Pequim", refere.

A China "está a demonstrar que está disposta a lutar" e que "não tem medo" de lutar contra medidas económicas de Washington.

Trump lançou, na semana passada, uma guerra comercial contra o resto do mundo, impondo uma taxa mínima de 10% sobre todas as importações. No caso da China, as taxas são de 34%.

Pequim 'não se deixou ficar'. Além de retaliar com taxas no mesmo valor sobre produtos norte-americanos, travou também um acordo para a venda do TikTok nos Estados Unidos.