Comprar ou arrendar casa em mais de 75 municípios do país implica gastar mais de metade do rendimento. Os dados são do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) que realizou um estudo para identificar desequilíbrios entre a oferta e a procura e conclui também que há no país 250 mil casas prontas a habitar, mas que estão fora do mercado.
Idealmente, quando se compra ou arrenda casa, a prestação não deve representar mais do que 35% dos nossos rendimentos.
De acordo com o regulador, o Banco de Portugal, na maioria dos casos a taxa de esforço nunca deve exceder os 50%. Mas isso acontece em mais de 75 municípios.
A conclusão é do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana que, a pedido do Governo, cruzou os dados que tem com os do INE e os do Banco de Portugal.
Olhou para o rendimento médio em cada concelho e para o mercado e percebeu que, em 164 municípios, as famílias não conseguem suportar uma prestação mensal sem entrar em sobrecarga financeira.
É uma realidade sobretudo na faixa litoral e sul do país, precisamente onde há maior pressão urbanística.
O mesmo acontece quando se fala em arrendamento. A avaliar pelos salários e pelo preço das rendas, só em 70 municípios se consegue arrendar sem ultrapassar a taxa de esforço ideal. Estão sobretudo interior norte, centro e Alto Alentejo.
O IHRU diz que o problema não é a falta de oferta: percebeu que em nenhum concelho há mais agregados familiares do que alojamentos disponíveis.
O problema está na distribuição da população, no preço dos imóveis e no rendimento dos portugueses.
O mesmo estudo revela que há no país quase 250 mil casas prontas a habitar que estão fora do mercado de venda ou arrendamento.
Explica que a maioria está desocupada ou porque o morador faleceu ou porque a casa ainda está em processo de partilha de herdeiros.
Os cinco concelhos com mais casas vagas fora do mercado são Lisboa, Sintra, Coimbra, Porto e Oeiras.