A Comissão Europeia reviu hoje em alta de 0,3 pontos percentuais (p.p.) o crescimento económico esperado para Portugal este ano, para 5,8%, apesar dos desafios externos, segundo as previsões macroeconómicas de primavera hoje divulgadas.
Bruxelas prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresça 5,8% em 2022, quando em fevereiro esperava uma expansão de 5,5%, com o setor dos serviços, particularmente o turismo estrangeiro, a recuperar fortemente face a uma base baixa.
A previsão do executivo comunitário coloca Portugal como o país da União Europeia com o maior crescimento esperado para este ano e contrasta com a revisão em baixa para 2,7% este ano e 2,3% em 2023 para a zona euro e União Europeia.
Bruxelas está, assim, mais otimista do que o Governo português, com a estimativa para o crescimento do PIB para este ano a superar a previsão de 4,9% para este ano subjacente à proposta do Orçamento do Estado para 2022.
A previsão da Comissão Europeia para o desempenho da economia nacional alinha com a da OCDE (divulgada em dezembro de 2021) e torna-se a mais otimista entre as principais instituições nacionais e internacionais.
“As perspectivas de crescimento permanecem favoráveis, apesar dos desafios relacionados com os preços das ‘commodities’, das cadeias de abastecimento globais e maior incerteza na procura externa”, refere o relatório.
Bruxelas assinala o desempenho da economia portuguesa no ano passado, dando nota de que o PIB cresceu 2,6%, em cadeia, no primeiro trimestre de 2022, já que a maioria das medidas de contenção foi suspensa em meados de janeiro.
Apesar da expansão de 5,8% esperada para este ano, antecipa que o crescimento económico deverá moderar para 2,7% em 2023.
“A procura interna deve contribuir substancialmente para o crescimento em ambos os anos com os investimentos a crescerem mais rápido do que o consumo privado, graças à contínua implementação do PRR”, refere, acrescentando que o setor externo deverá ter uma contribuição líquida positiva para o crescimento em 2022, refletindo do turismo, seguida de um impacto amplamente neutro em 2023.
A Comissão Europeia prevê, no entanto, que o saldoda conta corrente deverá piorar em 2022, devido à alta dos preços das importações de energia, e só melhorar em 2023, quando os preços começarem a cair.
O executivo comunitário destaca ainda o impacto da guerra na Ucrânia, considerando, contudo, que devido “à baixa exposição direta” de Portugal, os riscos para o país são “principalmente” indiretos, derivados dos preços das ‘commodities’, da segurança nas cadeias de abastecimento e da procura global.