Economia

Economistas estimam que taxa de depósitos do BCE seja de 0% em setembro

Atualmente, o valor encontra-se negativo em 0,50%.

Economistas estimam que taxa de depósitos do BCE seja de 0% em setembro

Economistas contactados pela Bloomberg estimam que a taxa de depósitos do Banco Central Europeu (BCE), atualmente em valor negativo, passe para 0% já em setembro, face às medidas de Frankfurt para tentar enfrentar a inflação.

Com a inflação em novo recorde e preocupações de que fique fora de controlo (apesar da deterioração das perspetivas de crescimento na zona euro), especialistas em mercado monetário, contactados pela agência de informação financeira Bloomberg, esperam agora medidas mais agressivas pela parte do BCE, desde logo uma mais forte subida das taxas de juro este ano, que atualmente estão em mínimos históricos.

Para já, a subida mais expressiva deverá ser da taxa de depósitos. A taxa aplicada aos depósitos está negativa em 0,50%, o que significa que os bancos comerciais pagam para depositar o dinheiro em excesso no banco central. A perspetiva dos economistas é que haja duas subidas de 0,25% na taxa de depósitos, uma em julho e outra em setembro, o que poria a taxa de depósito em 0% já em setembro, face aos -0,50% atuais.

Quanto às taxas que os bancos pagam para pedir dinheiro emprestado ao banco central, a taxa de juro das operações principais de refinanciamento está em 0% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 0,25%.

Os economistas estão a apostar num total de três aumentos até o final do ano, muito longe do início do ano em que não previam uma subida das taxas de juro diretoras pelo BCE nos próximos trimestres, apesar de admitirem que o futuro imediato era cheio de incertezas sobretudo quanto à persistência da inflação.

E até então ainda não se tinha dado a invasão da Ucrânia pela Rússia que pôs uma grande pressão extra sobre os preços, já em alta pelos custos energéticos e os problemas nas cadeias de abastecimento globais.

A confirmar-se, a última vez que as taxas subiram tão rapidamente foi há 15 anos, antes do início da crise financeira global. O BCE tem como principal mandato a estabilidade dos preços, considerando que tal é importante para a estabilidade económica, social e até política.

BCE desenvolveu um objetivo de inflação de 2% a médio prazo

O BCE estabeleceu em 2021 uma nova estratégia que contempla um objetivo simétrico de inflação de 2% a médio prazo, uma meta mais flexível que admite desvios temporários e moderados. No conjunto da zona euro, a taxa de inflação homóloga atingiu um novo máximo de 8,1% em maio, segundo a estimativa rápida do Eurostat.

Nas previsões macroeconómicas de primavera, divulgadas em meados deste mês, a Comissão Europeia estimou uma “revisão considerável” em alta da taxa de inflação na zona euro este ano, para 6,1%, principalmente impulsionada pelos preços energéticos e alimentares, com pico no segundo trimestre e descida em 2023.

De acordo com Bruxelas, a energia “continua a ser o principal motor da inflação na zona euro”, nomeadamente pelos “aumentos dos preços do petróleo e do gás”.

Entre os fatores que justificam esta revisão em alta estão, segundo o executivo comunitário, o aumento dos preços da energia e dos produtos alimentares, bem como “uma série de estrangulamentos de abastecimento e logística, ambos originados pelo ajustamento induzido pela pandemia, mas exacerbados pelo surto da guerra”.

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