Perante a notícia de que a TAP vai cortar sete rotas aéreas a partir do Porto, a companhia aérea emitiu um comunicado onde afirma que “duplicou o número de voos a partir do Porto face ao ano passado (subida de 98%)”. Para Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, a TAP está a “comparar coisas que não são comparáveis”.
“Está a comparar o próximo verão, que esperamos que seja um verão normal, com o verão ainda fortemente marcado pela pandemia”, disse o autarca em entrevista à SIC Notícias. “Também podiam comparar com o abril de 2020 e dizer nesse mês não houve nenhum voo, portanto estão a aumentar 1000%.”
Rui Moreira sublinha que na região do Porto “havia uma fortíssima expectativa de que quando a TAP retomasse a sua atividade plena” fosse também retomada alguma oferta em “mercados especiais”, nomeadamente Milão (Itália) e Nova Iorque (EUA).
“Os voos aumentam muito, mas muito do que aumenta é em Lisboa, é em Ponta Delgada e no Funchal – que também são importantes. Verificamos que nestes destinos que para nós são fundamentais não há a retoma dos números de 2019. Nós em 2019 não estávamos contentes com a TAP e mesmo assim, agora, vamos ter menos voos que em 2019. Portanto, comparar com 2020 ou com 2021, também podem comparar com qualquer dia em que a TAP tenha feito greve. Para nós, não é muito útil.”
O autarca destaca ainda que o investimento feito pelo Governo na companhia aérea foi pago pelos contribuintes e critica a diferença de tratamento entre Lisboa e o Porto. Nega, no entanto, que estas críticas se devam a políticas de regionalismo.
“A TAP tem uma visão de empresa pública para Lisboa. Quando nós sugerimos alguma coisa, olha para nós como se fosse uma empresa privada. Se a TAP não quer vir ao Porto, precisamos de um sistema de concursar incentivos – o que ao contrário do que algumas pessoas dizem, é possível – para que outras companhias voltem a voar para o Porto e substituam esta falha de mercado”, acrescenta.