Esta noite na SIC Notícias, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, e o fundador do Livre, Rui Tavares, estiveram frente a frente para mais um debate entre candidatos às eleições legislativas 2022, moderado pela jornalista Rosa de Oliveira Pinto.
Crescimento Económico
O tema de arranque é o crescimento económico. “O nosso programa oferece um novo modelo de desenvolvimento para o país”, começou por dizer Rui Tavares. De acordo com o fundador do Livre, o partido pode “ajudar no crescimento”, a criar uma “economia mais especializada, a economia da descabornização, que olhe para a emergência climática como uma oportunidade” e não como uma ameaça.
Questionado sobre as reticências do Livre em falar sobre “crescimento económico”, expressão que surge apenas uma vez no programa do partido às legislativas, Rui Tavares defendeu que Portugal deve investir na qualificação da população e ajudar os microempreendedores e trabalhadores independentes.
“Queremos um país mais próspero. Aqueles que têm sonhos, que têm projetos, que lhes sejam dadas asas para dar dinamismo à nossa sociedade”, rematou.
João Cotrim de Figueiredo desvalorizou, num debate, a emergência climática. Em resposta às palavras do líder do Livre, disse: “ A verdadeira emergência é a emergência da estagnação, a emergência dos salários baixos”.
O líder da Iniciativa Liberal traçou uma linha entre os programas dos dois partidos, distanciando-se “completamente” do modelo de desenvolvimento ecológico e solidário que não se foque no crescimento económico.
“Os serviços públicos que pretende assegurar, o futuro ambiental em que deve participar, todos os desafios, necessitam de recursos que não foram gerados”, rematou.
Emergência climática
“Não gosto da expressão emergência climática”, explicou João Cotrim de Figueiredo, justificando que perante a “emergência tendemos a aceitar todas as soluções”.
Por sua vez, Rui Tavares reiterou que a crise económica é real e que se podem atingir pontos de não retorno. Portugal, na sua perspetiva, está na linha da frente em muitas das consequências da alterações climáticas, nomeadamente, com a subida do nível do mar. Por isso, a emergência climática “tem que ser entendida como oportunidade para a nossa transformação económica”.
Cotrim de Figueiredo defendeu, no entanto, que “só fazendo a economia crescer é que é possível responder aos desequilíbrios ambientais”.
“A transição climática é cara(… ) Não é lícito esperar que as pessoas façam pelo planeta aquilo que os estímulos certos económicos podem fazer”, apontou.
Em resposta, Rui Tavares considerou normal que as pessoas estejam assustadas, uma vez que nos próximos 15 anos a mudança vai ser ainda mais acelerada e disse que Portugal tem duas escolhas: “ou queremos uma economia que funcione para todos ou aceitamos uma economia que funcione só para alguns”.
Ensino Superior
O líder da Iniciativa Liberal, questionado sobre a proposta em que os alunos ficariam “devedores” do valor do curso superior que acabou por cair, disse que a medida era “baseada numa noção que os salários em Portugal não justificam”.
Mas rapidamente mudou de assunto depois da explicação. No contra-ataque, disse que não vê no programa do Livre qualquer proposta que favoreça a captação de investimentos. Lembrou ainda que, em 2013, o Livre defendia uma baixa do IRS quando existisse folga orçamental, uma medida que deixou cair. “O desagravamento no IRS é a maneira mais rápida para subir salários”, atirou Cotrim de Figueiredo.
Entretanto, o fundador do Livre aproveitou para criticar a medida que a IL deixou cair. De acordo com Rui Tavares, o país estava a passar a seguinte mensagem aos estudantes:
“Parabéns, entraste no Ensino Superior, toma lá uma dívida para os próximos 30 anos”.
Nesta matéria, o Livre propõe um novo modelo de financiamento, com recurso a um fundo estratégico para o ensino superior, e a constituição de um fundo de apoio ao estudante.
SNS
Rui Tavares abre a porta ao debate sobre o Serviço Nacional de Saúde. “Temos de deixar de suborçamentar o SNS e não querer desmantelá-lo”, disse.
Em resposta, Cotrim de Figueiredo atirou: “Tem um certo descaramento de vir falar de contas quando o programa da IL é o mais detalhado em termos de contas”, disse, fugindo à questão do SNS.
Rendimento Básico Incondicional
Em contrapartida, o líder da Iniciativa Liberal tocou no tema do Rendimento Básico Incondicional que, na sua perspetiva, “ou é básico ou é incondicional”. Dando como exemplo uma quantia de 500 euros por mês para cada português, a IL defendeu que a conta dava para “salvar 20 TAP’s por ano”.
Antes sequer que Rui Tavares dissesse que a medida serviria como teste, tal como tem defendido noutros debates, Cotrim de Figueiredo atirou:
“Portugal não é um país para fazer testes. Se o Livre gosta de ter um programa de testes, nós gostamos de ter um com medidas testadas”.
Em resposta, Rui Tavares disse que o “Rendimento Básico Incondicional custa um centésimo da fezada que a IL tem.”
Habitação
Sobre a habitação, o Livre apresenta um programa de ajuda para comprar casa, com o objetivo de comparticipar a entrada da casa, que será pago a cinco anos, “para que o filho da classe média baixa aceda a um empréstimo”.
Por sua vez, João Cotrim de Figueiredo disse que o Livre “ também propõe congelamento administrativo das rendas que foi um dos problemas que nos trouxe até aqui”. Para a IL, a forma mais rápida de baixar o preço dos imóveis é haver mais casas e baixar o IVA do material de construção.
Coube ao candidato da Iniciativa Liberal terminar o debate. As diferenças entre os dois partidos, “um com foco no crescimento económico” e outro que “põe uma sociedade utópica, eventualmente agradável, mas poética, à frente das necessidades dos portugueses”, serviram para fechar o frente a frente.
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