Eleições Legislativas

Os vencedores e os vencidos das legislativas

António Costa e André Ventura entre os vencedores. Rui Rio, Francisco Rodrigues dos Santos e líderes da esquerda são os derrotados.

Os vencedores e os vencidos das legislativas

O PS alcançou este domingo a maioria absoluta na Assembleia da República e António Costa foi um dos vencedores da noite eleitoral, assim como André Ventura que conseguiu que o Chega se tornasse a terceira força política. Entre os vencidos, estão Rui Rio, Francisco Rodrigues dos Santos e os líderes partidários da Esquerda.

Os vencedores 

António Costa 

O secretário-geral do PS foi o grande vencedor da noite, ao garantir a maioria absoluta na Assembleia da República, com 41,6% e 117 deputados.  

Comparativamente a 2019, o PS subiu em número de votos (379.972) e de deputados (mais nove).  

Depois de seis anos de Governo, dois dos quais em pandemia de covid-19, António Costa conquistou a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates, em 2005.  

Para a vitória do PS, contribuiu a conquista do centro e o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 pelo PCP e Bloco de Esquerda, que acabaram assim por pagar a fatura do chumbo. Com este resultado, o PS já não precisa dos antigos parceiros da geringonça ou de quaisquer outros para aprovar Orçamentos do Estado ou outras leis na Assembleia da República. 

O voto útil, de quem queria evitar uma maioria de direita, também terá contribuído para a vitória de Costa.  

André Ventura 

O líder do Chega alcançou aquilo que tinha pedido durante a campanha: tornar o partido a terceira força política do país. A André Ventura juntam-se agora mais 11 deputados do partido da extrema-direita, no Parlamento.  

No discurso de vitória, Ventura garantiu que não vai deixar que o PS tenha a “vida mais facilitada” e recordou o compromisso:

“Eu prometi-vos em 2019 que em oito anos seríamos a maior força política nacional. Passaram dois e já somos a terceira maior força política nacional”. 

João Cotrim de Figueiredo 

Em 2019, o líder da Iniciativa Liberal foi o único deputado do partido eleito para o Parlamento. Três anos depois, o partido conquistou o quarto lugar da noite eleitoral, com 5% dos votos e oito deputados eleitos. Para o resultado, terá contribuído o eleitorado do CDS e uma parte do PSD.  

No discurso, Cotrim de Figueiredo afirmou que os resultados das eleições mostram que é possível ganhar votos “sem populismos e sem extremismo”, prometendo ainda ser “implacável” na oposição ao PS

Rui Tavares 

O fundador do Livre é outro dos vencedores da noite, ao conquistar um lugar na Assembleia da República.  

Em 2019, o Livre conseguiu eleger Joacine Katar Moreira, mas passou cerca de dois anos sem representação parlamentar, depois do partido romper com a deputada.  

Os vencidos 

Rui Rio 

As últimas sondagens antes das eleições davam a possibilidade de um empate técnico entre PSD e PS, algo que nunca tinha acontecido durante a campanha. No entanto, a maioria absoluta do PS deixa o PSD e Rui Rio sem influência nas decisões.  

Em dezembro, Rui Rio foi reeleito presidente do PSD. Agora, admite deixar a liderança dos sociais-democratas, considerando que dificilmente será útil com a maioria absoluta do PS.  

“Eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento (…) O partido decidirá, mas eu não estou a ver, neste enquadramento, como é que eu posso ser útil, com quatro anos em cima.” 

Francisco Rodrigues dos Santos 

O CDS deixou de ter representação parlamentar pela primeira vez em 47 anos e, perante o resultado, Francisco Rodrigues dos Santos anunciou que apresentou a sua demissão da liderança do partido.  

Estes resultados não deixam margem para dúvidas: deixei de ter condições para liderar o CDS. Apresentei a minha demissão”. 

O CDS conquistou menos de 90 mil votos e 2% de votação nas eleições legislativas de 2022. Partido foi fundado em 1974. 48 anos depois, estará perto do fim? 

Catarina Martins 

O Bloco de Esquerda conseguiu apenas 4,5% dos votos e cinco deputados, depois de, em 2019, ter alcançado um resultado de 9,5% (19 deputados).  

Para este resultado, contribuiu o chumbo do Orçamento do Estado, que terá levado à transferência dos votos para o PS. No discurso, Catarina Martins assumiu a derrota e o “dia difícil” do partido”. 

É possível que, assim como aconteceu em 2011, o Bloco de Esquerda comece a discutir a sucessão de Catarina Martins. Este segunda-feira, a Comissão Política do BE reúne-se hoje para analisar os resultados eleitorais. 

Jerónimo de Sousa 

Também penalizado pelo chumbo do Orçamento do Estado, o PCP conquistou 4,4% dos votos e apenas seis deputados. Da lista de eleitos, ficaram de fora o líder parlamentar do partido, João Oliveira, e o histórico António Filipe. 

A sucessão de Jerónimo de Sousa, que tem vindo a ser falada, pode vir agora a ser acelerada.  

Inês Sousa Real 

De três deputados no Parlamento, o PAN passou apenas para um. A porta-voz do partido, Inês Sousa Real, será a deputada única.  

O resultado do PAN poderá ter sido o resultado das declarações da própria líder, que admitiu que podia ir para um governo de esquerda ou para um de direita.