50 anos do 25 de Abril

Análise

"Para a maioria dos portugueses, houve um grande desenvolvimento desde o 25 de Abril, o país mudou profundamente"

A presidente da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola, reconhece que "a sondagem tem dados que nos devem obrigar a refletir, mas tem também dados muito positivos".

O símbolo maior da Revolução dos Cravos
Loading...

Nos 50 anos do 25 de Abril a maioria dos portugueses acredita que a corrupção e a criminalidade estão pior do que no Estado Novo. A conclusão é de um estudo de opinião do ICS e do ISCTE para a SIC, Expresso e a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.

A presidente da Comissão Comemorativa, Maria Inácia Rezola, reconhece que a sondagem tem dados que nos devem obrigar a refletir, mas prefere olhar para o lado positivo da sondagem, dizendo que “nos permite ver qual é a perceção que as pessoas têm do que foi a ditadura e o que é a democracia, o que vai permitir-nos pensar o que devemos fazer agora e a partir de agora”.

“Acentuo o facto de para a maioria dos portugueses - e tenhamos em conta que a maioria dos portugueses nasceu depois do 25 de Abril -, nesta e noutras sondagens, para eles, o 25 de Abril continua a ser o facto mais importante da História portuguesa e o que vem a seguir, com apenas 9%, é a adesão à CEE, que é um acontecimento muito mais recente”.

Maria Inácia Rezola sublinha que a importância que se dá o 25 de Abril vê-se “de Norte a sul do país, todas as pessoas estão a celebrar e a celebrar com entusiasmo”.

“Penso que a sondagem tem dados que nos devem obrigar a refletir, mas tem também dados muito positivos” (…) para a maioria dos inquiridos, que pode expressar parte do sentido dos portugueses, houve um grande desenvolvimento desde o 25 de Abril até à atualidade, o país mudou profundamente.

Há obviamente denúncia de situações de desigualdades sociais, desigualdades regionais, mas maioritariamente todos reconhecem as mudanças em áreas como a saúde, a educação, o nível de vida, a segurança social.

“O país do 24 de Abril é radicalmente diferente daquele que temos hoje e caminhamos para melhor, sem dúvida alguma”.

Apesar do entusiasmo, há informação que não chega às pessoas

A forma como a informação chega às pessoas ao longo destes 50 anos tem mudado por vários fatores, “não só pelo desenvolvimento da sociedade, o nível de escolaridade, por exemplo, passamos de ter 30% de analfabetos para ter um valor relativamente residual, mas isto significa também que se foi ganhando distância temporal - atualmente, o 25 de Abril e todo o período revolucionário é um objeto histórico. Nada que nós façamos ou digamos sobre ele vai alterar as coisas e é nesse sentido que o devemos entender e ver como a História só tem sentido no que se reflete no presente e nos serve para o presente”

“Mas é muito curioso. Esta sondagem também revela que, apesar desse entusiasmo com o 25 de Abril, qual é o grau de conhecimento efetivo que as pessoas têm e dos inquiridos, 24% não consegue identificar nenhuma das figuras que lhe foram apresentadas como sendo representativas do período.”.

Para Maria Inácia Rezola, isto significa “que temos que investir numa maior informação e no maior conhecimento deste período”.