A oposição na Câmara Municipal de Lisboa recusou esta sexta-feira avançar com pedidos de demissão na sequência do acidente com o Elevador da Glória, mas ressalva que o presidente da autarquia, Carlos Moedas, "é o responsável político máximo" pela Carris.
Em entrevista na Edição da Noite, da SIC Notícias, Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente e vereador para a Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa, considera inaceitável a existência de um aproveitamento político num momento tão sensível.
"Para mim é estranho, estamos ainda em período de luto e já estamos ávidos de deslocar para o plano político. É um claro aproveitamento, que tem de ser dito e é inaceitável. Carlos Moedas foi o primeiro a chegar ao local. Nós estamos em luto, há momentos de apuramento das responsabilidades aos quais nós não nos furtamos", começou por dizer.
Anacoreta Correia não encontra nenhuma razão para Moedas pedir a demissão na autarquia lisboeta no decorrer desta tragédia, apontando para si as responsabilidades políticas.
"Não há nada que se tenha sugerido relativamente a uma responsabilidade política, de uma área que não é tutelada pelo eng. Carlos Moedas, é por mim. Se é para apurar responsabilidades políticas, elas devem ser apuradas em mim", afirmou.
O acidente ainda continua sob investigação e o cabo de suspensão parece ser uma peça-chave na origem do descarrilamento. Filipe Anacoreta Correia ressalva a existência de duas inspeções diárias, uma diurna e outra noturna, aos equipamentos, referindo que a escolha da empresa responsável pela manutenção coube à administração anterior.
O descarrilamento na Glória
O Elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e duas dezenas de feridos.
O Governo decretou um dia de luto nacional, cumprido esta quinta-feira.
O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.