As imagens do site da "Main", como é conhecida no mercado, dificilmente nos fariam imaginar que a MNTC tem sede neste rés-do-chão de um prédio em Almada. Com cerca de duas dezenas de funcionários, tem na Carris o principal cliente, mas no currículo já leva mais de 30 contratos com entidades e empresas públicas.
É o caso das obras de reparação nas piscinas municipais das freguesias de São Vicente, Restelo e Penha de França, em Lisboa. Com a Carris, já faturou, ao longo dos últimos seis anos, quase dois milhões de euros com a manutenção dos elevadores da Glória, Bica, Lavra e Santa Justa.
Ganhou o primeiro concurso público em 2019, quando Fernando Medina era o presidente da Câmara, e o segundo em 2022, já na era de Carlos Moedas. No primeiro contrato, o preço cobrado pelo serviço global de manutenção foi de 868 mil euros. Três anos depois, no segundo contrato, o valor foi maior, cerca de 995 mil e 500 euros, mas só à primeira vista.
Mais à frente pode ler-se que este valor se divide em duas parcelas: uma de 851 mil e 500 euros, o serviço propriamente dito de manutenção; outra de 144 mil euros, uma parte variável, que só seria paga em caso de danos decorrentes de vandalismo, acidentes ou abalroamentos. Ou seja, de um contrato para o outro, a Carris ainda conseguiu poupar quase sete mil euros, apesar da inflação, do desgaste do tempo e do aumento de turistas na capital.
Mais surpreendente é a comparação entre os valores dos concursos públicos lançados pela Carris, ou seja, o preço base que a empresa municipal se dispunha a pagar pela manutenção dos quatro elevadores: um milhão de euros em 2019, um milhão e 700 mil em 2022, que desce para um milhão e 200 mil euros em 2025.
Este último concurso acabou por ficar sem efeito, só apareceram propostas mais caras e a Carris optou por fazer um ajuste direto, novamente à MNTC, por mais alguns meses. E era esse o contrato que vigorava no dia da tragédia do Elevador da Glória.