O Sudão do Sul está a sofrer as piores inundações dos últimos 60 anos que estão a pôr ainda mais em perigo a sobrevivência de uma parte das 11 milhões de pessoas que constituem a população do país mais jovem do mundo.
Uma guerra civil de cinco anos, fome e corrupção desafiaram o futuro da jovem nação e agora as alterações climáticas, às quais as Nações Unidas atribuem a causa das grandes cheias que o país sofre há três ano consecutivos, está ainda a dificultar mais a subsistência da população, refere a Associated Press (AP).
Com a subida das águas, multiplicam-se as doenças transmissíveis.
O problema ainda vai piorar com as previsões de chuva para os próximos meses. Há localidade que carecem de ajuda humanitárias de emergência e nos próximos naos, a região pode mesmo entrar num ponto de não retorno.

Esta sexta-feira, lama e erva envolvem agora a casa de Yel Aguer Deng. O seu campo de sorgo, que alimenta a família, está debaixo de água. Os diques de lama circundantes desmoronaram-se.
Outras pessoas fugiram. Apenas a família de Yel Aguer Deng e alguns vizinhos permanecem na sua aldeia.
Ao esvaziar uma rede de pesca, Daniel Deng, um pai de 50 anos de idade, recorda uma vida de fuga forçada, uma e outra vez, devido à insegurança na região. "Mas este único acontecimento [a inundação] é demasiado", afirmou. "É a pior coisa que aconteceu na minha vida", concluiu.
A ONU diz que as inundações afetaram quase meio milhão de pessoas em todo o Sudão do Sul, desde maio.
No norte do estado de Bahr el Ghazal, o rio Lol ultrapassou e destruiu as suas margens.
Um novo relatório divulgado esta semana e coordenado pela Organização Meteorológica Mundial, alerta para o aumento destes choques climáticos que atravessam grande parte da África, o continente que menos contribui para o aquecimento global, mas que mais sofre com ele.