A Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP27) não começou com o pé direito em Sharm el-Sheikh, no Egito. O evento foi recebido com forte contestação, que também contou com protestos contra o regime liderado por Abdul Fatah Al-Sisi.
Alaa Abdel Fattah entra em cena como ativista político e escritor que tem sido detido ao longo da última década. O egípcio é uma das principais vozes na revolta de 2011, que derrubou o Governo de três décadas de Hosni Mubarak.
Para além disso, é um dos rostos que apelou ao boicote da COP27 que, agora, começou a intensificar a greve que fome.
A BBC relata que o ativista parou de beber água e de comer, depois de 200 dias a consumir apenas 100 calorias diárias. A greve demonstra o descontentamento perante a sentença de cinco anos de prisão que recebeu por divulgar notícias falsas sobre o regime.
"Tomei a decisão de escalar o protesto num momento que considero adequado para a minha luta, pela minha liberdade e a liberdade de prisioneiros de um conflito do qual não fazem parte ou do qual estão a tentar sair, para as vítimas de um regime que é incapaz de lidar com as suas crises exceto com a opressão, incapaz de se reproduzir exceto através da prisão", explicou numa carta enviada à família.
Os apelos pela sua libertação aumentaram após a abertura da COP27, este domingo.
O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak disse que levantará a questão na COP27, já que se trata de um ativista britânico-egípcio.
Sunak sublinhou que o caso do ativista é “uma prioridade para o Governo britânico tanto como defensor dos direitos humanos quanto como cidadão britânico”
Desde este anúncio, vários grupos de direitos humanos têm alertado que, caso não seja libertado, Abdel Fattah morrerá antes do final da COP27, que terminará no próximo dia 18 de novembro.
Grupos de direitos humanos garantem que Alaa Abdel é um dos cerca de 60.000 prisioneiros políticos egípcios, que acusaram o Governo do Cairo de tentar “lavar” sua reputação repressiva ao sediar a COP27.
A realização da cimeira sobre o clima no Egito, conhecida como COP27, tem chamado a atenção sobre o historial de violações dos direitos humanos no país, onde se mantém a ampla repressão sob a presidência do Presidente Abdel Fattah el-Sisi.
TRABALHOS DA COP27 PODEM FICAR MANCHADOS, ALERTA AMNISTIA
A secretária-geral da Amnistia Internacional alertou que os trabalhos da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP27) a decorrer no Egito podem ficar manchados pela morte do ativista Alaa Abdel Fattah se não for rapidamente libertado.
Agnes Callamard disse que o Egito não tem mais de 72 horas para salvar a vida do ativista e dissidente preso Alaa Abdel Fattah.
ATUALIZAÇÃO REALIZADA ÀS 23:47 (informação sobre Amnistia Internacional).