Alterações Climáticas

Camada de ozono deverá estar recuperada até 2066, prevê Agência da ONU

Os níveis de ozono na atmosfera deverão regressar em 2066 aos níveis registados no Polo Sul antes da formação do buraco sobre a Antártida, embora os níveis normais regressem um pouco mais cedo no Ártico (por volta de 2045) e no resto do mundo (2040), de acordo com cálculos publicados em 2022.

Camada de ozono deverá estar recuperada até 2066, prevê Agência da ONU
James Cawley

A recuperação da camada de ozono continuou em 2024, com um buraco sobre a Antártida mais pequeno do que em anos anteriores, e deverá estar completa até 2066, informou, esta terça-feira, a agência meteorológica da ONU.

A Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) indicou que o buraco sobre a Antártida, que surge a cada primavera austral, atingiu o nível máximo em 29 de setembro, um défice de 46,1 milhões de toneladas.

No relatório anual sobre o assunto, a agência sublinhou que este número é inferior à média entre 1990 e 2020 e aos números registados em 2020 e 2023, quando o défice de massa de ozono ultrapassou 50 mil toneladas.

"Isto foi seguido por uma recuperação relativamente rápida assim que este nível máximo foi atingido", indicou o documento, divulgado no Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono.

Em 1994, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 16 de setembro como o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, assinalando a data da assinatura, em 1987, do Protocolo de Montreal.

A WMO destacou ainda que a cobertura geral de ozono em todo o planeta foi superior à das medições anteriores.

"A tendência positiva a longo prazo reflete o sucesso da ação internacional coordenada", sublinha a agência, que celebra este ano o 40.º aniversário da assinatura da Convenção de Viena, sobre a proteção da camada de ozono.

A 16 de setembro de 2009, a Convenção de Viena e o Protocolo de Montreal tornaram-se os primeiros tratados na história da ONU a alcançar a ratificação universal.

Também esta terça-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, enfatizou que os acordos de Viena e Montreal "foram um marco no multilateralismo".

"Agora que a camada de ozono está a 'recuperar', tal conquista recorda-nos que, quando as nações acatam os alertas da ciência, o progresso é possível", acrescentou o português, referindo-se aos esforços para combater as alterações climáticas.

Lenta recuperação da camada de ozono

Os níveis de ozono na atmosfera deverão regressar em 2066 aos níveis registados no Polo Sul antes da formação do buraco sobre a Antártida, embora os níveis normais regressem um pouco mais cedo no Ártico (por volta de 2045) e no resto do mundo (2040), de acordo com cálculos publicados em 2022.

Na segunda-feira, a associação ambientalista portuguesa Zero alertou para a lenta recuperação da camada de ozono, com a humanidade a continuar exposta a níveis elevados de radiação ultravioleta, com "impactos sérios na saúde, na agricultura e nos ecossistemas".

O ozono ocorre naturalmente na estratosfera, o chamado 'ozono bom', e protege a vida na Terra da radiação ultravioleta do sol.

Na baixa atmosfera, a troposfera, o chamado 'ozono mau', é criado por reações químicas entre poluentes dos escapes dos automóveis, vapores de gasolina e outras emissões, e aí em concentrações elevadas é tóxico para pessoas e plantas.

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