O líder do Chega, André Ventura, afirmou este domingo que, mesmo que o partido cresça “100% ou 200%” nas legislativas antecipadas, não vai ficar contente se António Costa voltar a ganhar as eleições.
Num jantar-comício em Coimbra, André Ventura aponta críticas em várias direções – contra o PS, contra a “extrema-esquerda”, mas também dirigidas ao líder do PSD, Rui Rio, e ao presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues Santos, a quem chamou de “Chiquinho” -, sem nunca esquecer as sondagens, que foi relembrando ao longo de meia hora de discurso.
“Hoje [domingo], voltam-nos a dar uma subida significativa, mas o PS continua em primeiro lugar. Há dias em que me pergunto em que é que este povo está a pensar? Não fico contente, mesmo que o Chega cresça 100 ou 200%, se Costa voltar a ganhar as eleições”, diz o líder do partido de extrema-direita.
Rui Rio: um dos alvos
Tal como na arruada na Batalha, na tarde de domingo, André Ventura voltou a protestar contra Rui Rio, que considera que deveria “puxar por uma alternativa de Governo”.
“Rui Rio é como o melhoral, não faz bem, nem faz mal”, comenta, considerando que um PSD forte até poderia prejudicar o seu partido, reforçando que “ele [Rio] é o melhor para o Chega, mas é tão mau para o país” e que “há falta de entusiasmo” nos comícios sociais-democratas.
Num discurso em que pouco falou de propostas do Chega, concentrando-se antes nas críticas ao estado do país e aos restantes partidos, André Ventura volta a falar na necessidade de “emagrecer o Estado” e critica os apoios aos refugiados, a carga fiscal, o preço dos combustíveis e até os comentadores e analistas políticos.
Se Ventura “debatesse sozinho”…
“Se eu debatesse sozinho, com o silêncio, haveria de haver comentadores que diziam: o silêncio esteve melhor, foi mais ponderado”, ironiza.
Ventura e o 25 de abril: um erro “tal como aconteceu”
Já na parte final da sua intervenção, virou-se para a esquerda, considerando que aqueles que apelidam os apoiantes do Chega de “racistas” ficarão “encostados no pano escuro da história”.
“A ascensão do PCP e do Bloco de Esquerda foram um erro histórico de proporções gigantescas que ainda estamos a pagar. A revolução, tal como ela aconteceu, promovendo o crescimento da extrema-esquerda nos anos 70 e 80, foi um erro que os nossos pais e avós pagaram caro. Nós estamos aqui para corrigir esse erro histórico”, frisa.
Testes negativos e música multicultural
Face à pandemia, os cerca de 200 participantes no jantar-comício tiveram que apresentar certificado de vacinação ou teste negativo à covid-19 para entrar.
Antes dos discursos, houve também um momento musical, em que foram cantadas várias músicas, quase em jeito de karaoke, como “Anel de Rubi”, de Rui Veloso, “Stand By Me”, de Ben E. King, e “Purple Rain”, de Prince, músico andrógeno que foi sempre uma voz ativa contra o racismo nos Estados Unidos da América.
