A União Europeia (UE) e o Reino Unido fecharam esta quinta-feira, véspera de Natal, o acordo sobre a parceria pós-Brexit.
“Chegámos finalmente a um acordo. Foi um longo caminho, mas temos um bom acordo, que é justo e equilibrado”, anunciou Von der Leyen numa conferência de imprensa com o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, na sede do executivo comunitário.
A uma semana do final do “período de transição” para a consumação do Brexit e da saída do Reino Unido do mercado único, o bloco europeu e Londres evitaram assim um divórcio desordenado, estabelecendo um acordo de comércio livre que regerá as relações futuras.
Sublinhando que o acordo agora alcançado "evita perturbações maiores para trabalhadores, empresas e viajantes após 1 de janeiro" de 2021, Von der Leyen admitiu "francamente" sentir hoje "alívio" por a UE poder virar esta página, por mais dolorosa que seja para muitos.
"A todos os europeus, digo: é tempo de deixar o 'Brexit' para trás. O nosso futuro é feito na Europa", concluiu.
Também Michel Barnier considerou que hoje é "um dia de alívio" e congratulou-se por "os ponteiros do relógio terem deixado de contar, após quatro anos de um esforço coletivo".
Apesar de já não ser viável tecnicamente a ratificação do acordo de ambos os lados, o acordo entrará em vigor de forma provisória em 1 de janeiro de 2021. O compromisso será agora apresentado ao Conselho (os 27 Estados-membros) e ao Parlamento Europeu, do lado europeu, devendo também ser aprovado pela Câmara dos Comuns, em Londres.
A Comissão Europeia propõe assim que o acordo de parceria agora acordado com o Reino Unido seja aplicado de forma provisória até 28 de fevereiro próximo, devendo o Conselho pronunciar-se nos próximos dias.
Acordo dá "estabilidade e certeza" a relação "turbulenta" com UE
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, considera que o acordo de comércio negociado com a União Europeia "significa uma nova estabilidade e certeza no que às vezes tem sido uma relação turbulenta e difícil".
"Seremos vossos amigos, aliados, apoiantes e, na verdade, não vamos esquecer, o vosso principal mercado", afirmou, dirigindo-se aos 27, numa conferência de imprensa após o anúncio do acordo pós-Brexit.
Aos britânicos, Boris Johnson disse: "No final de um dos anos mais difíceis, a nossa atenção está em derrotar a pandemia [...] e reconstruir a nossa economia".
"[O acordo] significa acima de tudo certeza, para a indústria da aviação, os transportadores [...] , a polícia, as forças das fronteiras e todos aqueles que nos mantêm seguros", acrescentou.
"Significa certeza para nossos cientistas que poderão trabalhar juntos em grandes projetos coletivos. Mas acima de tudo significa certeza para as empresas", disse o primeiro-ministro.
Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se amanhã
O processo tem mais de quatro anos e as negociações técnicas começaram há praticamente um ano, com meses de impasse sobretudo em torno do dossier das pescas.
Boris Jonhson acabou por aceitar um corte de apenas 25% nas capturas dos armadores europeus quando inicialmente exigia uma redução de 80%.
O acordo está fechado, faltando apenas ser ratificado pelo Parlamento Europeu. Esta sexta-feira haverá uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.
REAÇÕES PORTUGUESAS AO ACORDO
O primeiro-ministro António Costa também recorreu ao Twitter para reagir ao acordo e deixou um agradecimento especial à equipa negociadora da UE:
O Presidente da República também reagiu. Numa nota publicada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa "(...) felicita a Comissão Europeia e o Governo Britânico pelo histórico acordo hoje concluído para regular as futuras relações entre a União Europeia e o nosso mais antigo aliado, o Reino Unido".
"O Chefe de Estado felicita todas as pessoas que contribuíram para este resultado, em particular a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o Primeiro-ministro Britânico, Boris Johnson", pode ler-se no comunicado.
O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que o acordo "significa muito para Portugal" e "é uma boa notícia" para quem vive e trabalha "em países amigos".
Em notas publicadas na rede social Twitter, o ministro Augusto Santos Silva saudou o acordo e dirigiu-se quer aos portugueses residentes no Reino Unido, quer aos britânicos residentes em Portugal.
"O acordo é também uma boa notícia para os portugueses residentes no Reino Unido e para os britânicos residentes em Portugal. Eles sabem que vivem e trabalham em países amigos", afirmou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros também considerou o "significa muito para Portugal".
"[Significa] melhores condições para desenvolver a relação económica com o nosso primeiro parceiro fora da UE e a principal origem de turismo para Portugal e a continuação de uma relação muito próxima com o nosso mais antigo aliado", finalizou.
O Reino Unido abandonou a UE a 31 de janeiro.