Caso Galamba

PSD vota a favor de inquérito à atuação dos Serviços Secretos

Joaquim Miranda Sarmento na sessão de abertura das jornadas parlamentares do PSD
Joaquim Miranda Sarmento na sessão de abertura das jornadas parlamentares do PSD
HOMEM DE GOUVEIA

Joaquim Miranda Sarmento considerou que se mantêm "contradições insanáveis" no Governo sobre a decisão de acionar o SIS para recuperar o computador do Ministério das Infraestruturas. PSD vai votar a favor de inquérito e pondera iniciativa própria.

O líder parlamentar do PSD afirmou esta segunda-feira que o partido votará a favor dos requerimentos já apresentados por Chega e IL para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito à atuação das 'secretas' e pondera iniciativa própria.

Em declarações aos jornalistas no final da sessão de abertura das jornadas parlamentares do PSD, que decorrem entre hoje e terça-feira no Funchal, Joaquim Miranda Sarmento considerou que se mantêm "contradições insanáveis" dentro do Governo sobre a decisão de acionar o SIS para recuperar o computador do Ministério das Infraestruturas, na noite de 26 de abril.

"O que nós esperávamos é que o primeiro-ministro esclarecesse o que afinal se passou, se teve ou não conhecimento naquela noite do que ocorreu, como foram usados os serviços de informações e se foram usados dentro da legalidade", afirmou o líder parlamentar do PSD, considerando que tal não aconteceu até agora.

Questionado se o PSD apoiará as propostas já entregues por Chega e IL para uma comissão de inquérito sobre esta matéria, Miranda Sarmento respondeu que os sociais-democratas "votarão favoravelmente", mas não se comprometeu desde já com uma iniciativa própria potestativa.

Os sociais-democratas são o único partido com deputados suficientes para conseguir impor um inquérito parlamentar, mesmo contra a vontade do PS.

"Iremos ponderar se apresentamos ou não. Há ainda muito por esclarecer, o primeiro-ministro tem o debate sobre política geral na quarta-feira no Parlamento, pode ser que seja a oportunidade de esclarecer os portugueses sobre as contradições enormes e depois avaliaremos se faremos essa iniciativa parlamentar ou não", disse.

As propostas da IL e do Chega

No início do mês, a Iniciativa Liberal propôs a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à atuação do SIS, com o objetivo de "apurar as responsabilidades políticas, legais ou de outra ordem relativas à atuação" deste serviço na recuperação do computador que era usado pelo ex-adjunto do Ministério das Infraestruturas Frederico Pinheiro.

Os liberais querem também que seja investigada pelo parlamento "a prática do atual Governo para com os serviços de informações, nomeadamente, se é habitual ou comum a emissão de orientações, ordens, indicações ou diretivas, para que estes pratiquem atos próprios e exclusivos das entidades com funções policiais".

O Chega entregou na semana passada uma segunda proposta para uma comissão parlamentar de inquérito que avalie "a legalidade e a responsabilidade política" na recuperação do computador do ex-adjunto do ministro João Galamba e se existiu "interferência política" na atividade do SIS no passado.

Costa diz que “ninguém do Governo foi informado”

Esta segunda-feira, o primeiro-ministro rejeitou haver contradição entre a sua versão de que não teve conhecimento prévio da atuação do SIS (Serviço de Informações de Segurança) na recuperação de um computador do Ministério das Infraestruturas e as declarações do ministro João Galamba.

Entenda como funcionam e estão organizados os Serviços Secretos em Portugal

Perante os jornalistas, António Costa recusou também o pedido do presidente do PSD, Luís Montenegro, no sentido de demitir a secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), a embaixadora Graça Mira Gomes, observando que o Conselho de Fiscalização do SIRP já concluiu que o SIS "atuou nos termos da lei" no caso do computador com informação classificada que estava na posse de Frederico Pinheiro, ex-adjunto do Ministério das Infraestruturas.

"Não tive conhecimento prévio, nem tinha de ter (...) O SIS não me informou de nada, ninguém do Governo foi informado de nada, ninguém do Governo deu ordens e nem o SIS tinha de informar [o Governo] sobre coisa nenhuma, porque não é esse o nível de tutela. E qual a natureza da operação? Tratava-se de uma operação meramente corriqueira e, em regra, os serviços de informações não informam o primeiro-ministro sobre as operações antes de elas serem realizadas", sustentou.

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