Foi ainda na noite de 3 de maio de 2007, poucas horas após o desaparecimento de Maddie, que Gerry, acompanhado pela mulher, fez a primeira declaração aos jornalistas, onde apelou a todos para que fossem comunicadas às autoridades quaisquer informações sobre o possível paradeiro da criança.
APELOS ALÉM FRONTEIRAS
Estão na linha da frente das primeiras buscas e tentam, através dos mais variados meios, divulgar a imagem da criança. Após duas semanas sem sinais de Maddie, Gerry faz uma visita relâmpago a Inglaterra, de apenas 24 horas, para ajudar a coordenar a campanha internacional pela filha.
Os apelos ultrapassam fronteiras e estendem-se à autora da saga "Harry Potter", ao embaixador britânico em Portugal e até aos meios de comunicação alemães, com Kate a assumir a vontade de se dedicar à luta contra o tráfico de crianças, depois de ter também sido criado um fundo para apoiar as operações de busca.
Em julho, a família McCann regressa pela primeira vez ao Reino Unido, ainda sem Maddie. Uma estadia temporária, com o regresso a Portugal a acontecer poucos dias depois.
DAS CRÍTICAS À IMPRENSA AO ARQUIVAMENTO
Em agosto, cria-se um ambiente de tensão entre os McCann e os meios de comunicação portugueses, com a família de Maddie a conceder uma entrevista em exclusivo às televisões britânicas, da qual exclui os media nacionais. Poucas semanas depois acentua-se a crispação, com o pai de Maddie a insurgir-se contra as informações veiculadas pela imprensa portuguesa.
Informações que se revelaram fundamentadas, pois nesse mesmo mês de agosto a investigação muda de rumo e os holofotes de suspeição começam a virar-se para Kate e Gerry. Novas provas, longos interrogatórios e os McCann são, em setembro de 2007, constituídos arguidos no caso do desaparecimento da própria filha.
Kate e Gerry reiteram que não tiveram quaisquer responsabilidades no desaparecimento e, entre trocas de acusações com a PJ e a Justiça Portuguesa, continuam a campanha para encontrar a filha.
Em 2008, Kate e Gerry mostram-se indignados com o arquivamento do caso, que arquiva também as acusações contra eles, mas, dois anos mais tarde, em dezembro de 2010, a Wikileaks revela que a polícia britânica obteve provas contra os pais de Maddie, o que suportaria a anterior tese das autoridades portuguesas.
CAMPANHA SEM FIM
Entre novos vídeos de Maddie e uma petição criada pelos McCann para que o caso seja revisto pelas autoridades, o processo acaba por ser reaberto em outubro de 2013.
Já no ano anterior, Kate McCann dizia acreditar numa "possibilidade real" de que a filha ainda pudesse ser encontrada viva, isto apesar de ter, cinco anos antes, alegadamente recusado sujeitar-se a um detetor de mentiras para falar sobre o caso.
Esta rejeição de Kate pode também estar relacionada com a análise feita por investigadores da Universidade do Porto, que, através das expressões faciais, concluíram que existiam incongruências entre o que mostrava o rosto e o que diziam os McCann.
Ainda assim, numa recente entrevista ao Expresso, o diretor-adjunto da Polícia Judiciária, Pedro do Carmo, garante que os McCann "não são suspeitos".
Dezenas de horas de interrogatórios e muitas teorias depois, os pais de Maddie são ou não, afinal, aos olhos da opinião pública, suspeitos do desaparecimento da filha? São muitas as perguntas mas continuam a ser escassas as respostas.