Nos últimos quatro anos, mais de 50 cientistas de 16 instituições e 13 países trabalharam no projeto Helix (High-End Climate Impacts and Extremes).
Richard Betts é investigador da Universidade de Exeter, diretor do departamento de Impactos Climáticos do Met Office Hadley Center, no Reino Unido, e coordenou o estudo, que traça um cenário preocupante sobre Portugal.
Os principais impactos esperados para a Península ibérica são as secas e as ondas de calor, que também potenciam a ocorrência de mais incêndios rurais.
"Portugal é dos países mais vulneráveis a estes impactos"
"Portugal é dos países mais vulneráveis a estes impactos", disse Richard Betts à SIC. Por isso, segundo o investigador, o país deverá preparar-se para situações de escassez de água e desertificação acrescida, com medidas de conservação da água e do solo, nomeadamente no setor agrícola.
O projeto examinou os possíveis efeitos do aumento da temperatura média global de 1,5 ° C, 2 ° C, 4 ° C e 6 ° C em comparação com os níveis pré-industriais.
Mesmo com reduções rápidas nas emissões globais de gases com efeito de estufa, mantendo o aquecimento abaixo dos 2 ° C, o nível médio das águas do mar poderá aumentar em 0,5 m até o final do século XXI, afetando sobretudo os pequenos estados insulares, como as Fiji (país que preside à COP23), e os países baixos.
O estudo calcula que 2,5 milhões de pessoas poderão ser afetadas no Bangladesh. Mas, se as emissões de gases com efeito de estufa aumentarem e o aquecimento global exceder 4 ° C, o nível do mar aumentará ainda mais e poderá afetar cerca de 12 milhões de pessoas naquele país asiático, em caso de tempestade.
Os cientistas prevêem uma maior precipitação que agravará o risco de inundações, aumentando os níveis dos rios. "Uma atmosfera mais quente pode conter mais água e a chuva será mais intensa, e isso significa mais inundações", explica Richard Betts.
Com um aquecimento de 4 ° C, os investigadores dizem que o risco de inundações poderá aumentar cinco vezes (em relação ao período 1976-2005) na maioria dos países, que representam 73% da população mundial de 79% do PIB mundial.
As conclusões do estudo sugerem que, mesmo com um aumento de apenas 1,5 ° C na temperatura média global, o risco de inundações duplica.
As temperaturas globais já aumentaram em cerca de 1 ° C, desde a revolução industrial.