O Governo decretou esta segunda-feira a requisição civil dos motoristas em greve, alegando incumprimento dos serviços mínimos, anunciou o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, após reunião do Executivo.
De acordo com Tiago Antunes, o Governo constatou hoje, particularmente no turno da tarde, que os sindicatos que convocaram a paralisação "não asseguraram os serviços mínimos" fixados pelo executivo.
"O Governo não teve alternativa senão a de reconhecer a necessidade de proceder à requisição civil dos motoristas em situação de greve com vista a assegurar o cumprimento dos serviços mínimos", declarou, acrescentando que a medida será "gradual" e aplicada às áreas "em que se constata o incumprimento".
Antes, o primeiro-ministro tinha dito que o cumprimento dos serviços mínimos na greve dos motoristas mudou "da manhã para tarde" e anunciou a convocação de um Conselho de Ministros eletrónico.
António Costa adiantou que já estão a ser realizados transportes conduzidos pela GNR ou pela PSP.

António Costa falava aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, depois de uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a greve dos motoristas, encontro que durou cerca de uma hora.
O Presidente da República sublinhou a importância de serem salvaguardados os "direitos fundamentais, a segurança e a normalidade constitucional", numa nota publicada no final do encontro.
O porta-voz do Sindicato de Motoristas de Matérias Perigosas considera a requisição civil um ataque ao direito à greve.
Pedro Pardal Henriques defende que os serviços mínimos decretados pelo Governo foram cumpridos, mas admite que falta informação.
Durante a manhã, Pardal Henriques acusou os patrões de subornar trabalhadores para furarem a greve e insistiu que a paralisação terminará quando houver uma proposta decente da Antram.
Em entrevista à SIC Notícias, o porta-voz da Antram falou sobre o imcumprimento dos serviços mínimos, dando conta daquilo que considerou ser uma "vergonha nacional".
André Matias de Almeida lamenta "o que está a acontecer à economia portuguesa e aos portugueses".
Por sua vez, o presidente do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), Jorge Cordeiro, reiterou que, tal como já tinham anunciado, "os serviços mínimos vão ser cumpridos" pelos trabalhadores afetos àquele sindicato.
Mais tarde, o primeiro-ministro, António Costa, destacou que a greve dos motoristas estava a decorrer com normalidade, estando a ser cumpridos os serviços mínimos, e descartou haver necessidade, para já, de decretar a requisição civil.
"Os serviços mínimos estão a ser assegurados, está tudo dentro da normalidade", afirmou o primeiro-ministro à saída de um briefing com a Proteção Civil.
Os motoristas cumprem esta segunda-feira o primeiro dia de uma greve marcada por tempo indeterminado e com o objetivo de reivindicar junto da Antram o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
A greve foi convocada pelo SNMMP e pelo SIMM, tendo-se também associado à paralisação o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100% e declarou crise energética, que implica "medidas excecionais" para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.

Muitos motoristas estão desde madrugada em Aveiras e Leça da Palmeira, os principais centros de protesto. Alguns tentaram impedir a passagem dos primeiros camiões cisterna, mas foram barrados pela forte presença policial.

As forças de segurança têm montado um fortíssimo dispositivo no terreno, para garantir que a greve decorre sem incidentes e que são garantidos os serviços mínimos.
Ao todo serão mais de 12 mil efetivos da PSP e da GNR, segundo o jornal Público, distribuídos pelo país.