Combustíveis

Antram quer desconvocação da greve dos motoristas perante pedido de dissolução do sindicato

O Ministério Público pediu a dissolução do SNMMP numa ação que deu entrada este mês junto do Tribunal do Trabalho de Lisboa.

Antram quer desconvocação da greve dos motoristas perante pedido de dissolução do sindicato
RODRIGO ANTUNES

A Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias defendeu esta quarta-feira que o sindicato dos motoristas deve desconvocar a greve perante a "sombra que paira" sobre a sua constituição", após o Ministério Público ter pedido a dissolução da estrutura.

"A Antram [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] tomou conhecimento deste pedido pela comunicação social. A confirmar-se, é um pedido com natural gravidade. Não nos vamos pronunciar sobre uma matéria que é da justiça, a justiça tem o seu tempo, todavia não podemos ficar alheios ao impacto que uma situação destas terá numa greve que, a existir, poderá ter um problema grave para os trabalhadores", disse o porta-voz dos patrões, André Matias de Almeida, em declarações à Lusa.

Em defesa dos direitos dos trabalhadores, o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) deve assim "desconvocar a greve até que este processo esteja esclarecido", considerou o também advogado.

O Ministério Público (MP) sustenta haver "desconformidades" na constituição e nos estatutos do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), razão pela qual pediu a sua extinção junto do Tribunal de Trabalho de Lisboa.

"Da análise do processo de constituição e dos estatutos da mencionada associação, concluiu-se pela existência de desconformidades com preceitos legais de caráter imperativo, designadamente a participação na assembleia constituinte de pelo menos uma pessoa que não é trabalhador por conta de outrem, no âmbito profissional indicado nos estatutos", explica a Procuradoria-Geral da Republica (PGR), em resposta escrita enviada hoje à agência Lusa.

André Matias de Almeida lembrou que, a confirmar-se esta dissolução, o sindicato "deixa de existir juridicamente" e não pode estar envolvido em quaisquer negociações.

"Todavia, à justiça o que é da justiça, mas não podemos ser alheios aos impactos que isto possa ter na vida dos trabalhadores e entendemos que é um dever do sindicato desconvocar a greve imediatamente", reiterou.

O porta-voz da Antram voltou ainda a apelar ao SNMMP para que, após desconvocar a paralisação, aceite a mediação, "desde que esta não tenha resultados pré-estabelecidos".

O Ministério Público pediu a dissolução do SNMMP numa ação que deu entrada este mês junto do Tribunal do Trabalho de Lisboa, disseram à agência Lusa fontes judiciais.

O SNMMP, que cumpriu uma greve este mês, entregou um novo pré-aviso de greve para o período compreendido entre os dias 07 e 22 de setembro, desta vez ao trabalho extraordinário e aos fins de semana.

Lusa