Conflito Israel-Palestina

CORRESPONDENTE SIC

Houthis atacaram Telavive com um drone suicida que nem os sistemas israelitas conseguiram intercetar

Na madrugada desta sexta-feira, a cidade de Telavive foi alvo de um ataque com drone por parte dos Houthis, a milícia iemenita apoiada pelo Irão. Pelo menos um israelita morreu e outras dez pessoas ficaram feridas. A Força Aérea israelita está a investigar como os sistemas antiaéreos israelitas não intercetaram o drone que cruzou 2000 quilómetros desde o mar Vermelho. A reportagem é do correspondente da SIC, Henrique Cymerman.

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Nunca tinha acontecido. Às três da manhã em Israel, muitos israelitas que estavam nos bares da praia de Telavive viram uma bola de fogo que se aproximava sobre a zona litoral da cidade. Os alarmes habituais não soaram nem houve tentativas de intercetação por parte dos sistemas de defesa aérea. Era um drone aparentemente lançado a 2000 quilómetros de distância desde o Iémen que explodiu num edifício de Telavive provocando um morto e dez feridos.

"Estávamos num bar do hotel a beber um copo com amigos e ao princípio pensei que era um avião cujo piloto tinha perdido o controlo. Só depois é que percebi que era um drone suicida", disse uma das testemunhas no local.

O consulado dos Estados Unidos, que antigamente era a embaixada, está situado ao lado mas não chegou a ser alcançado. O porta-voz do exército israelita, General Daniel Hagari, afirmou que se trata de um drone iraniano do tipo Zimad 3, que foi melhorado para poder percorrer uma distância ainda mais longa.

"O Irão apoia, financia e arma os seus representantes em Gaza, na Cisjordânia, no Líbano, na Síria e até no Iémen. Tal como aconteceu hoje", disse o porta-voz israelita.

Provavelmente, o drone foi lançado pelos Houthis do Iémen que, segundo Israel, estão armados e treinados pelo Irão.

"A unidade de drones das Forças Armadas Houthis do Iémen, com a ajuda de Alá, levou a cabo uma operação militar, na qual atacamos um dos principais objetivos da cidade ocupada de Jaffa a que os israelitas chamam Telavive", afirmou o porta-voz dos Houthis.

Segundo o Tsahal, o drone não tripulado foi detetado pela Força Aérea, mas devido a um erro humano não foi derrubado. Há uns meses, Israel destruiu por engano um drone lançado por um país aliado não identificado e os soldados pensaram que se tratava de um caso parecido.

Nas fronteiras, no mar Vermelho e na zona oriental do país, há agora mais aviões da Força Aérea para tentar detetar drones inimigos. Estes voam muito baixo, o que dificulta a sua interceção.

Israel desenvolveu sistemas antiaéreos - entre eles a 'Cúpula de Ferro' e o 'Arrow' ("A Flecha) - que derrubam grande parte dos rockets e mísseis, lançados pelo Hamas em Gaza, pelo Hezbollah no Líbano, pelos Houthis no Iémen e pelas milícias pró-iranianas do Iraque e da Síria.

Israel, provavelmente o país mais protegido do mundo, não conseguiu ainda encontrar uma solução para destruir os drones inimigos. Dez meses depois do início da guerra de Gaza dizem que esse é um dos maiores desafios tecnológicos da Força Aérea israelita e que uma defesa hermética simplesmente não é possível.

No dia 7 de outubro de 2023, o grupo Hamas destruiu e queimou parte das 22 povoações fronteiriças do sul de Israel. O grupo Hezbollah tem atacado nos últimos meses as povoações do norte, sendo evacuadas para outras zonas do pais dezenas de milhares de pessoas. No entanto, é a primeira vez que nesta guerra que há vítimas mortais no centro do pais.

Tudo isto acontece no momento mais crítico das negociações entre Israel e o Hamas. No Catar tentam negociar a libertação de 120 reféns israelitas e de centenas de presos palestinianos e conseguir um cessar-fogo em Gaza. Em Israel dizem que um acordo será possível nas próximas semanas para por fim a uma das guerras mais longas da história de Israel.