Conflito Israel-Palestina

"Estão a matar toda a gente": milhares deixam o Líbano com medo dos ataques de Israel

A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que quase 120 mil pessoas tiveram de sair das próprias casas. Só nos últimos dias, 100 mil pessoas cruzaram a fronteira. Quem tem condições de pagar apanha o primeiro avião para qualquer destino.

Beirute, Líbano
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O chão da mesquita de Al Amin, em Beirute, é um dos lugares que agora recebe deslocados, sobretudo dos subúrbios do sul da capital, dos primeiros locais a serem bombardeados por Israel.

"O que tememos é mais deslocações, não basta terem feito explodir as nossas casas, agora estamos todos nas ruas", diz Mohammed Khattab.

Bairros inteiros da capital parecem os de uma cidade fantasma, com parte da população em fuga e outra parte com medo de sair à rua. Sídon, a terceira maior cidade, recebe sobretudo deslocados do sul do país, a área de maior influencia do Hezbollah.

O Líbano, que segundo as Nações Unidas era o que recebia mais refugiados per capita, muito à custa da guerra civil da vizinha Síria, vê agora o êxodo no sentido contrário: 100 mil pessoas cruzaram a fronteira nos últimos dias.

“O caminho até aqui foi muito difícil. Os israelitas estavam a atacar os carros. Foi pela misericórida de Deus que chegámos aqui”, afirma Futoon Abbas, libanesa deslocada.

“Decidi apanhar o primeiro avião”

À medida que as companhias aéreas vão suspendendo os voos para a região - como foi o caso da Air France nesta segunda-feira - quem tem condições abandona o país de avião.

"Decidi apanhar o primeiro avião para sair de Beirute e ir para qualquer lugar", dia uma mulher que pegou nos filhos e comprou uma passagem para Madrid. "Está a ser uma catástrofe no Líbano. Estão a atacar por todo o lado, não querem saber. Estão a matar toda a gente", conta outra refugiada.

Os alertas começam a soar por parte de alguns líderes, nomeadamente da União Europeia, que temem o inicio de mais uma crise migratória e humanitária.