Conflito Israel-Palestina

ENTREVISTA SIC

Embaixador de Israel em Portugal: genocídio em Gaza é “propaganda do Hamas”

Em entrevista à SIC Notícias, o embaixador de Israel em Portugal mostrou-se contra o reconhecimento do Estado da Palestina pelo Governo português, alegando que será “premiar o terrorismo”. Defende também que Israel tem de continuar a ofensiva em Gaza, mesmo que isso comece a deixar o país isolado.

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O embaixador de Israel em Portugal defende que a ideia de que há fome na Faixa de Gaza e de que o Estado israelita está a levar a cabo um genocídio não passa de propaganda do Hamas. Em entrevista à SIC Notícias, Oren Rozenblat sublinhou também que o reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal em setembro será um “prémio” para os terroristas. 

O embaixador afirma que Israel está a acompanhar a situação humanitária em Gaza e que quem está a “sofrer especialmente” são os reféns israelitas, não os palestinianos. 

Quanto às imagens de crianças que passam fome em Gaza, afirma que se trata de uma “campanha de propaganda do Hamas”. 

“São crianças que têm doenças. Antes da guerra, centenas eram tratadas em hospitais israelitas. Não são magras por razão de fome ou de guerra. 

“O nosso primeiro-ministro já disse que não há fome em Gaza. Nós sabemos exatamente quanta comida entra para a Faixa de Gaza. (...) A situação da guerra é grave, mas há comida, alega.  

Considera que é uma “vergonha” afirmar que a fome está a ser usada como instrumento de guerra, tal como falar em “genocídio”.

“Todos os dias entram muitos camiões de ajuda humanitária em Gaza. Se quiséssemos, fechávamos a Faixa de Gaza totalmente.” 

Oren Rozenblat diz ser também propaganda do Hamas o relato de mortes, à mão das forças israelitas, de palestinianos que esperam nas filas para a ajuda humanitária. “Isso é mentira. 

Questionado por que motivoIsrael não permite, então, que os jornalistas entrem na Faixa de Gaza para verificar e noticiar essa realidade, alega que é por ser “muito perigoso”. 

“Portugal reconhecer Palestina é premiar terrorismo” 

Apesar de afirmar que o Governo português é “sério” e de afirmar que está em contacto permanente com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o representante israelita em Portugal critica a decisão do Executivo de Luís Montenegro – que anunciou que dará início ao processo para reconhecer a Palestina enquanto Estado já em setembro, juntamente com 14 outros países. 

“Estamos contra esta ideia de reconhecer o Estado palestiniano”, afirmou Oren Rozenblat. “Se o Governo português reconhecer o Estado palestiniano hoje, isso é um prémio para o terrorismo. 

Questionado sobre se Israel está a ficar isolado internacionalmente, o embaixador israelita responde que vai continuar a ofensiva em Gaza, independentemente da opinião dos seus aliados.  

“Mesmo que os outros países não gostem, não temos escolha”, declarou. “Temos de libertar os reféns e eliminar o Hamas. Se não, o dia 7 de outubro vai acontecer outra vez e outra vez. 

Oren Rozenblat garante que Israel quer sair de Gaza, mas frisa que isso só acontecerá "quando todos os reféns forem libertados e o Hamas se desmilitarizar”. 

“Nós queremos sair. Nós não queremos estar lá”, assegurou. “Não queremos controlar milhões de palestinianos. 

Questionado sobre quanto tempo estima que continuará, então, Israel no território de Gaza, o embaixador israelita não tem reposta. Mas defende que a ideia de que conflito é a forma usada por Netanyahu para se manter no poder é “estúpida”.  

Oren Rozenblat afirma também que Israel “dava liberdade” à Palestina até há bem pouco tempo. Mas que os palestinianos não souberam o que fazer com ela.  

“Antes de 7 de outubro, tinham “liberdade” para fazerem o que quisessem em Gaza. Tinham a oportunidade de fazer a Singapura do Médio Oriente, mas decidiram fazer terrorismo, atira.