A maioria das pessoas dirá que sim a pelo menos uma destas perguntas, já que o cansaço é das queixas mais comuns em consulta. Infelizmente, também é das menos específicas.
Quando dizemos que estamos cansados, por norma falamos de uma falta de energia física ou mental para realizar tarefas do dia-a-dia.
A questão é: porquê? Por que é que ficamos cansados?
Porque é que pessoas que passam oito horas sentadas no escritório, que nunca usaram máquinas agrícolas na vida, chegam ao fim do dia e dizem “Parece que me passou um trator por cima”?
Vamos por partes.
O cansaço pode ser normal e até expectável quando resulta de uma má noite de sono, um treino mais intenso, ou depois de uns dias de gripe. Nestes casos dura poucos dias e o remédio é bastante simples: descansar.
Agora, quando o cansaço se prolonga no tempo e não tem motivo aparente, devemos investigar eventuais causas. E isto é diferente de pesquisar “cansaço” no doutor Google, porque aí é provável que os resultados o deixem ainda mais cansado.
O cansaço, a depressão e a ansiedade
Vamos começar por descrever este sintoma. É uma falta de ar quando sobe escadas? Sente que a qualquer momento pode adormecer ao volante?
Também é possível que esteja bem fisicamente mas se sinta altamente desmotivado com tudo o que implique sair do sofá. Descrever o tipo de cansaço pode ajudar a diferenciar entre uma doença do sono, uma anemia ou depressão.
Sabia que a depressão e ansiedade justificam cerca de ⅓ dos casos de cansaço? Nestes casos podemos ter análises irrepreensíveis, mas esta queixa sinaliza uma doença importante e que precisa de ser tratada.
Depois temos de olhar para os seus estilos de vida. É possível que o cansaço não resulte de uma doença mas, sim, de algum fator específico.
Pense em mudanças recentes. Deixou de beber café repentinamente? Começou uma dieta sem hidratos de carbono? Ou iniciou alguma medicação nova?
Tudo isto pode estar a contribuir e, nestes casos, a solução é resolver ou alterar aquilo que o está a deixar cansado. Avaliar esta queixa no seu contexto, e olhar para os sintomas a que se associa é outro dos passos importantes.
Alguns sinais de alarme incluem: perda de peso significativa, suores noturnos, febre ou perdas de sangue. Estes fazem com que uma avaliação médica seja importante e mais urgente.
É com tudo isto em conta, e por vezes mais alguns exames, que se faz o diagnóstico e se avança para o tratamento, quer seja tratar a doença de base ou alterar alguns estilos de vida.
O ditado popular diz que “Quem corre por gosto não cansa”, mas não é verdade “quem corre por gosto também pode ficar cansado”.
É importante que valorize as suas queixas, especialmente se tiverem um impacto significativo no seu dia a dia. Nesse caso, não hesite em procurar ajuda médica. :)
A médica Margarida Graça Santos tem um espaço no site da SIC Notícias onde, todas as semanas, nos fala sobre os assuntos de Saúde e bem-estar que mais nos preocupam. Consulta Aberta à segunda-feira.