A Nova Zelândia e Timor-Leste são os mais recentes países a proibir a entrada de estrangeiros de qualquer nacionalidade provenientes da China para impedir a propagação do novo coronavírus.
Perto de 60 neozelandeses estão retidos em Wuhan e vão ser repatriados
Na Nova Zelândia a interdição de entrada de no país durará 14 dias. Até ao momento, nenhum infetado pelo novo coronavírus chinês foi registado na Nova Zelândia.
No domingo, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, anunciou a medida, que será revista a cada 48 horas, e garantiu que para aqueles que já estão a viajar com destino ao país, as fronteiras estarão fechadas à chegada.
"É de vital importância proteger os neozelandeses do vírus, bem como participar no esforço global para o conter. Somos a porta de entrada para as nações do Pacífico e isso também foi considerado na nossa decisão", sublinhou Ardern sobre a medida, adotada também por outros países, como a Austrália e os Estados Unidos.
A nação insular de Tonga pediu ajuda à Nova Zelândia e à Austrália para retirar cerca de 50 cidadãos que se encontram na cidade chinesa de Wuhan, centro do surto do novo coronavírus.
Apesar da proibição, o diário New Zeland Herald noticiou que os voos procedentes da China continuam a aterrar, embora as autoridades fronteiriças neozelandesas apenas permitam o desembarque de cidadãos do país. Depois do desembarque, estas pessoas são sujeitas a exames médicos.
A Nova Zelândia está ainda a preparar a retirada de perto de 60 neozelandeses retidos em Wuhan e que vão ser colocados em isolamento por duas semanas, em Whangaparaoa, uma pequena península com instalações militares na Ilha Norte.
Por seu lado, à vizinha Austrália, onde já foram confirmados 12 casos da pneumonia viral, devem chegar hoje 270 pessoas retiradas de Wuhan e que vão ficar sob quarentena na ilha Christmas, no oceano ìndico e a milhares de quilómetros da Austrália.
- Especialistas querem controlar propagação do coronavírus antes de desenvolver a vacina
Timor-Leste impede entrada de "cidadãos com passaporte chinês"
As autoridades de imigração timorenses determinaram hoje, por despacho, a proibição da entrada no aeroporto de Díli de "cidadãos com passaporte chinês", em resposta ao surto do coronavírus, que ignora outros viajantes que tenham passado em zonas de risco.
A interdição, sobre a qual o Governo não fez qualquer anúncio público oficial até ao momento, está detalhada num despacho assinado pelo "chefe do posto do aeroporto", o inspetor de Polícia Ernesto Maia e dirigida a todos os serviços.
O despacho, a que a Lusa teve acesso, em papel timbrado da Direção Geral do Serviço de Migração do Ministério do Interior, está datado de hoje e é assinado pelo "chefe do posto do aeroporto", inspetor Ernesto Maia.
"Relativamente ao vírus que ocorre na província chinesa de Wuhan, e com base na orientação do ministro ao Diretor Geral do Serviço de Migração e da orientação verbal ao chefe do posto do Aeroporto de Díli, a partir de agora não está autorizada a entrada de cidadãos com passaporte da China em Timor-Leste", refere o texto.
O despacho pede que a informação seja partilhada com todas as agências no aeroporto a quem pede a colaboração para a sua implementação.Apesar de várias tentativas não foi possível à Lusa contactar nem com o ministro interino do Interior, Filomeno Paixão, nem com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dionísio Babo, para comentar a decisão.
Hoje, a organização não-governamental timorense Fundação Mahein tinha manifestado preocupação por eventuais limitações a cidadãos chineses, devendo qualquer restrição ser aplicada "a todos os viajantes da China para Timor-Leste, independentemente de etnia ou cidadania".
Até ao momento, a única pessoa que ficou em quarentena "não é um cidadão chinês", mas um soldado das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), que esteve em formação na cidade de Wuhan, centro do surto do novo coronavírus.
Todos os países de onde há ligações aéreas diretas para Timor-Leste -- Singapura, Austrália e Indonésia -- têm em vigor restrições que impedem a entrada de cidadãos estrangeiros que tenham estado na China nos últimos 14 dias.
No caso de Timor-Leste o despacho refere apenas a nacionalidade do passageiro e não a sua origem ou se esteve ou não na China recentemente.
Número de mortes causadas pelo novo coronavírus sobe para 362
A China elevou hoje para 362 mortos e mais de 17 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 outros países, com as novas notificações na Rússia, Suécia e Espanha.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.