Coronavírus

DGS admite picos de procura "nunca esperados" no SNS 24

Linha vai ser reforçada com enfermeiros nos próximos dias.

DGS admite picos de procura "nunca esperados" no SNS 24
JOSÉ SENA GOULÃO

A diretora-geral de Saúde admitiu esta terça-feira no Parlamento que a linha Saúde24 atingiu "picos nunca esperados" de procura, mas adiantou que a capacidade de atendimento de chamadas em simultâneo mais do que duplicou nas últimas 24 horas.

"Durante esta noite e nos últimos dias já houve melhorias. Habitualmente nós conseguimos 200 chamadas em simultâneo na linha SNS24. Depois ontem conseguimos atender 500 chamadas em simultâneo e depois hoje já se conseguiu atender 1.200 chamadas em simultâneo, sendo de que modo algum isto não é uniforme nas 24 horas do dia. [...] Portanto, quer dizer que estão a ser feitos grandes esforços", disse Graça Freitas durante uma audição na comissão parlamentar de saúde por requerimento do PSD para prestar esclarecimentos sobre a situação em Portugal do combate ao surto de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus surgido na China no final de 2019.

"É um facto que nós estávamos dimensionados para um determinado padrão de procura e que atingimos picos nunca esperados atingir", reconheceu Graça Freitas.

Sem precisar quando, a diretora-geral da Saúde adiantou que num único dia a linha SNS24 recebeu 27.679 chamadas e conseguiu dar resposta a 10.940, acima das 10 mil a que está obrigada por contrato, exigências burocráticas que desvalorizou, dizendo que o mais importante é "agilizar procedimentos" e que "depois logo se vê as questões contratuais".

As críticas à capacidade de resposta da linha SNS24 estiveram na base de muitas questões colocadas pelos deputados, tendo Graça Freitas adiantado que estão a ser tomadas medidas para se implementar um algoritmo de triagem mais rápido e eficiente.

"O novo algoritmo vai permitir a segregação de filas e a implementação de prioridade para triagens de Covid-19 e triagem geral. O grande apelo é que as pessoas que só precisam de informação vão ao digital e a outros canais obter informação e que a linha fique para triar", disse Graça Freitas.

O objetivo é ter um algoritmo que permita uma despistagem mais rápido na confirmação de casos de Covid-19, mas a diretora-geral alertou que é preciso "muito cuidado" com a forma como se fazem as alterações, porque "não se podem fazer algoritmos sem ciência".

"Tem que ser testado por clínicos, por médicos, tudo isto tem os seus timings, a segurança é muito importante. [...] Sei que temos que melhorar. Para mudar o algoritmo temos que consultar os médicos e muita literatura", disse Graça Freitas.

Esta linha vai ser reforçada com enfermeiros nos próximos dias, adiantou Graça Freitas, acrescentando depois que a linha de apoio ao médico também vai ser reforçada com médicos reformados que se voluntariam para o efeito.

"Esta linha enquanto for necessária vai ser reforçada", disse, precisando que na segunda-feira a linha de apoio ao médico atendeu 1.055 chamadas.

"Atender 1.055 chamadas foi muito. Obviamente, não posso deixar de dizer, 200 ficaram por atender. Estas 200 correspondem a pessoas que estavam estáveis", acrescentou.

Graça Freitas garantiu ainda que o funcionamento da linha vai ser melhorado, aliviando o peso em cima dos médicos que validam casos suspeitos de Covid-19, aos quais cabe ativar o INEM, os laboratórios, os delegados de saúde e os hospitais para onde são encaminhados os doentes, todo um processo que ocupa tempo e impede que sejam atendidas mais chamadas, explicou.

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