Estranha forma de vida.
Já estive em países em estado de emergência. Por causa de guerras ou receio de invasões.
Sei o que são ruas desertas, serviços mínimos, contolo militar, proibição de sair à rua.
Felizmente, esta profissão permite alguma circulação.
O estado de emergência é semelhante a um estado de guerra.
Costa e Marcelo, ainda ontem - bem sei que a cada dia a situação muda e há que fazer adaptações -diziam que os portugueses estão a cumprir, estão serenos, são responsáveis e que a maturidade cívica merece aplausos.
Ainda ontem.
Hoje, aparentemente, a política encaminha-se para declarar o estado de emergência.
Sendo a pandemia uma emergência de Estado, não me parece que seja caso para decretar (já) o estado de emergência.
Se, como nos asseguram, o pico da pandemia só chegar em maio - faltam dois meses - parece-me que a medida mais gravosa de privação de direitos liberdades e garantias está a ser equacionada cedo demais.
Não estaremos a dar oportunidade à sociedade civil de fazer o auto-isolamento, o auto controlo, a liberdade de fazer bem sem ser obrigado.
Estamos a dar um sinal num dia e o seu contrário 72 horas depois.
A desconfiar da nossa capacidade de auto regulação.
A obrigar os cidadãos a fazer algo que aparentemente e na grande maioria estão a fazer de forma voluntária, consciente e com elevado sentido cívivo.
Esta emergência de Estado merece que o Estado nos dê uma oportunidade.
E, se falharmos como sociedade, se não estivermos à altura, se precisarmos mesmo de decretos para nos comportarmos bem, então que seja declarado o tal estado de emergência.
(Pedro Cruz escreve de casa, onde estará nos próximos sete dias)