O Papa Francisco enalteceu todos os que sem medo têm enfrentado a pandemia de Covid-19 para ajudar a salvar vidas e a levar alimentos a todos, alertando que "ninguém se salva sozinho".
Numa oração pela humanidade, o Papa falou dos médicos, dos enfermeiros, dos trabalhadores dos supermercados e das limpezas, das forças policiais, dos bombeiros, dos sacerdotes e religiosas e dos voluntários.
"É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns, habitualmente esquecidas, que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos, mas muitos, outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho"
É a primeira vez que a Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano, esteve vazia durante uma oração proferida pelo Papa.
Na sua mensagem ao mundo, o Papa relembrou o momento conturbado que atinge toda a humanidade na sequência da pandemia que já matou 25 mil pessoas.
Francisco comparou o momento a um relato bíblico de uma tormenta enfrentada pelos discípulos de Cristo, considerando que tal como eles a humanidade foi agora surpreendida por uma tempestade inesperada em que todos estão "no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento".
No final da oração, Papa Francisco deu a bênção Urbi et Orbi, concedida tradicionalmente no domingo de Páscoa, que se celebra apenas daqui a três semanas.
A Urbi et Orbi é uma bênção solene para conceder indulgência plenária, ou seja, o perdão dos pecados.
Papa Francisco deixou uma mensagem à sociedade. Disse ser preciso parar, pensar e mudar e que os tempos difíceis que a humanidade enfrenta desmascararam a vulnerabilidade deixando a descoberto "falsas e supérfluas seguranças" com que foram construímos os programas, os projetos, os hábitos e as prioridades.
"Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade.", disse o Papa adiantando que "com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela abençoada pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos".